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CULTURA

História da Indústria Portuguesa 3 - Tempos modernos

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 13 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura


Este é terceiro Episódio da História da Indústria Portuguesa que fiz para a RTP. Remete para o período da expansão portuguesa e vai até ao ciclo do ouro no reinado de D. João V.


O que mais me agrada nele - também há coisas que não me agradam - são as imagens que fiz de antiquíssimos engenhos e manufacturas. Na altura, muitos desses vestígios de uma era pré-industrial estavam já em vias de extinção. Os artífices que encontrei, na sua esmagadora maioria, eram pessoas muito idosas, porventura os últimos detentores de saberes cuja origem se perde na bruma do tempo.


Também viajei pelo Brasil em busca da memória do ciclo do açúcar e dos metais preciosos que estiveram na origem do ciclo do ouro. Foi o ciclo do ouro, é bom lembrá-lo, que permitiu, por exemplo, a construção do impressionante Convento de Mafra. Apercebi-me, então, na Baía e em Minas Gerais, da brutalidade do trabalho escravo que sustentava a economia da colónia, bem como do negócio, colossal e obsceno, protegido pela coroa, que era o embarque de negros de Angola e do Congo com destino à sanzala brasileira. Outros tempos, dir-se-á. Certo. Em todo o caso, que a memória não se perca. E não perde.


Em Ouro Preto fiquei alojado numa espetacular residência chamada Mondêgo. Se a recuperação arquitectónica de um velho e majestoso edifício da antiga nobreza colonial me pareceu exemplar, o mobiliário de época deixou-me à beira do deslumbramento. Eu andava à procura de peças em pau-Brasil e julguei ter encontrado a caverna de Ali-Bábá. Perguntei à muito jovem e lindíssima mulata da recepção, você me indica quais são os móveis em pau-Brasil. Ela esboçou um sorriso e respondeu muito tranquilamente, não tem, vocês levaram tudo, não é. Bela lição.

Aterrador é verificar como, hoje, a mentalidade dos bolsonaristas reflete a ordem colonial e esclavagista de outros tempos. Mas isso não está neste episódio, cuja estreia foi há 20 anos.


Se tiverem curiosidade podem vê-lo aqui nos Arquivos da RTP.


Procissão em Mariana, Minas Gerais. A ordem do desfile obedecia ao estatuto social. Os negros, no fim.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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