
Eis a límpida fonte da alegria, o fogo verde dos pinheiros quando o verão desagua no espelho do mar e reflecte o mistério dos que pregaram estrelas na cúpula do tempo e inventaram o ritmo dos sonhos no ritmo dos animais em movimento.
Eis a leve mão tão leve soltando o pássaro da manhã, lá onde o sol aquece a boca e o ar é puro e as palavras são como peixes no lume das águas
abrindo sulcos em dunas de cores bravias.
Eis a doce vertigem das marés, seu delicado movimento levantando a brisa, depois o vento, como se no ângulo aceso das horas se ouvisse uma dança de corpos vagabundos, depois um tropel de cavalos maravilhados
cavalgando o galope dos rins violentos.
Ei-los, os viajantes do tempo sem tempo, sem norma nem clausura, trazendo no abandono dos olhos, despojados e nus, o súbito clarão da ternura.
Eis um país inocente.
Verão, 1976
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