Jorge Campos
Na penumbra da memória, o homem com qualidades
Atualizado: 6 de nov. de 2020

Ei-lo, o pequeno acrobata do gesto e da palavra, o exemplar chefe de família tão meticuloso no horário e empertigado na gravata, o infatigável insecto devorador de papel azul, timbrado de preferência, e nele embrulhado no cumprimento de tarefas absurdas como se nelas celebrasse o ritual dos gestos sem história e das palavras sem enredo do dia a dia dos favores de circunstância. Ele é o funcionário zeloso de um tempo de silêncio e chumbo quando a morte autoriza ainda matar sem paixão e o vento dos cadáveres sopra favorável aos beatos da intriga em nome dos altos valores da nação.
fevereiro de 1974