Esta é a segunda parte do texto respeitante ao módulo de Programação da Odisseia nas Imagens designado por o Som e a Fúria. Os documentos aqui revelados dão conta de iniciativas, algumas com grande visibilidade mediática, outras que, embora consideradas importantes pelo seu caráter formativo e estruturante, não tiveram direito a espaço comparável nos meios de comunicação social. Por vezes, aliás, nem sequer mereceram espaço algum. Delas dependia, igualmente, a concretização da ideia de lançar as bases para fazer do Porto uma Cidade de Imagens. Os documentos que se seguem são uma pequena parte dos muitos anexos de O Som e a Fúria. Constam, designadamente, iniciativas da Casa da Animação apoiadas pela Odisseia nas Imagens, caso da retrospetiva de filmes dos Estúdios Aardman.
O Som e a Fúria
De 17 a 25 de Setembro de 2000
Rivoli Teatro Municipal – Grande Auditório
Rivoli Teatro Municipal – Pequeno Auditório
Centro de Produção do Porto da RTP
Escola Superior de Jornalismo do Porto
Faculdade de Engenharia do Porto
Universidade Fernando Pessoa do Porto
O texto que se segue dá conta do segundo módulo da Odisseia nas Imagens, O Som e a Fúria, tendo sido publicado no catálogo do segundo episódio do Ciclo O Olhar de Ulisses.
O Som e a Fúria
E contudo nós sabíamos:
Também o ódio contra a vilania
Desfigura as feições.
Também a cólera contra a injustiça
Enrouquece a voz.
Bertolt Brecht
A Odisseia nas Imagens prossegue com o segundo módulo de O Olhar de Ulisses denominado O Som e a Fúria. Se o primeiro módulo O Homem e a Câmara remetia para as teses vertovianas da cine-sensação do mundo no quadro de uma gramática emergente das imagens em movimento, agora, em O Som e a Fúria, a elucidação e organização do real apontam para um olhar estruturado a partir de um conjunto de sinais e de regras de articulação desses sinais relacionados quer com o olho, quer com o ouvido.
Com o advento do sonoro, a linguagem do cinema torna-se audiovisual e, portanto, plurissintáctica. O olhar, enquanto modo de revelação, resulta, pois, do acto combinatório de diferentes sistemas de significação convergindo na coerência de um propósito. As coisas, claro, podem não ter a simplicidade aparente que releva das categorias consagradas. Alguém será capaz de evitar ouvir, por exemplo, O Vento (1928), de Sjostrom?
Mas outras questões percorrem transversalmente O Som e a Fúria. A designação deste segundo módulo de O Olhar de Ulisses é retirada de um dos capítulos da obra clássica de Barnouw "Documentary", no qual se dá conta das mutações que o género vai conhecer em função não apenas do advento do som, mas também do lugar do cinema numa época em que o mundo vive a esperança e o colapso das utopias, conhece o flagelo da barbárie nazi-fascista, é confrontado com o horror do holocausto e assiste, suspenso à beira do nada, à explosão do grande cogumelo nuclear em Hiroshima que abre as portas ao equilíbrio do terror da Guerra Fria. São anos durante os quais o percurso da humanidade ora se revê numa dimensão redentora, ora se enreda na noite do labirinto onde assoma a besta negra que é a outra face do seu rosto precário.
Se O Olhar de Ulisses privilegia o documentário, este é o momento em que Grierson introduz a narração em texto off e advoga para o documentarismo uma função tanto de denúncia quanto de capacidade de intervir com o objectivo de contribuir para a resolução dos problemas da sociedade, Lorentz dá voz à cidadania recolhendo o testemunho das pessoas no seu dia a dia, Malraux e Ivens – este com John dos Passos e Hemingway – associam a literatura e o jornalismo à descrição do drama da Guerra Civil de Espanha, Riefenstahl põe o seu invulgar talento ao serviço da propaganda do III Reich construindo uma obra que opera a metamorfose do maligno em objecto de fascínio e Capra manipula as imagens de propaganda do Eixo fazendo-as reverter a favor da causa Aliada.
O Som e a Fúria reverte assim, em última instância, para o trabalho que obriga o criador, qualquer que ele seja, pintor ou pastor, camponês ou pescador, resistente ou cineasta a usurpar o lugar dos deuses para conferir harmonia ao caos. Tal como o rio que procura o seu destino, alargando as margens, rebelde e inconstante por natureza.
Ai, nós/ Que queríamos amanhar o terreno para a amabilidade/ Não podíamos nós mesmos ser amáveis – dizia Brecht às gerações futuras. Mas vós, – acrescentava – quando chegar a hora/ Em que o homem possa ajudar o homem/ Pensai em nós/ Com indulgência.
Este rio não tem fim.
Jorge Campos
Dario Oliveira
O Olhar de Ulisses II - O Som e a fúria
Universidade Fernando Pessoa do Porto
Rivoli Teatro Municipal – Pequeno Auditório
Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa
Com o apoio da Embaixada de França e do Intituto Francês do Porto
Continuação do 1º segmento de O Olhar de Ulisses - O Homem e a Câmara, prosseguindo a História do Documentário cruzada com outras abordagens de Cinema de Autor.
Filmes apresentados por ordem alfabética:
Airman’s Letter to his Mother, An, de Michael Powell
Alemanha Ano Zero: ver Deutshand im Jahre Null
Aniki Bóbó, de Manoel de Oliveira
Anjos da Avenida, Os: ver Malu Tanshi
Blitz Wolf, de Tex Avery
Bnakitchner, de Artavazd Pelechian
Carabiniers, Les, de Jean-Luc Godard
Coal Face, de Alberto Cavalcanti
Colour Box, de Len Lye
Corner in the Wheat, A, de David W. Griffith
Deutshand im Jahre Null, de Roberto Rosselini
Dix-Septième Parallèle, Le, de Joris Ivens e Marceline Loridan
Edge of the World, The, de Micael Powell
Espoir, L’, de André Malraux
Estações, As: ver Yeghanaknere
Fires Were Started, de Humphrey Jennings
Finis Terrae, de Jean Epstein
Four Hundred Millions, The, de Joris Ivens
Grapes of Wrath, The, de John Ford
Great Dictador, The, de Charles Chaplin
Hiroshima, Mon Amour, de Alain Resnais
Hiroshima/Nagasaki: August 1945 de Akira Iwasaki e Eric Barnouw
Histoire du Soldat Inconnu, de Henri Storck
Início, O: ver Natchalo
Keep Your Mouth Shut, de Norman McLaren
Land, The, de Robert J.Flaherty
Limiar do Mundo, O: ver Edge of the World, The
Listen to Britain, de Humphrey Jennings
London Can Take it, de Humphrey Jennings e Harry Wyatt
Madrugada de 6 de Junho: ver 6 Juin a l’Aube, Le
Malu Tanshi, de Yuan Mushi
Man of Aran, de Robert J.Flaherty
Mor Vran, de Jean Epstein
Mr Smith goes to Washington, de Frank Capra
N or NW, de Len Lye
Natchalo, de Artavazd Pelechian
Night Mail, de Harry Wyatt e Basil Wright
Noite e Nevoeiro: ver Nuit et Brouillard
Nuit et Brouillard, de Alain Resnais
Or des Mers, L’, de Jean Epstein
Paralelo 17: ver Dix-Septième Parallèle, Le
Peço a palvra ver Mr Smith goes to Washington
Pintor e a Cidade, O, de Manoel de Oliveira
Porque Lutamos: ver Why We Fight
400 Milhões: ver Four Hundred Millions, The
Raibow Dance, de Len Lye
River, The de Pare Lorentz
Ser ou Não Ser: ver To Be or Not to Be
6 Juin a l’Aube, Le, de Jean Grémillon
Sortie(s) des Usines Lumière à Lyon, Irmãos Lumière
Spanish Earth, The, de Joris Ivens
Spare Time, de Humphrey Jennings
Tempestaire, Le, de Jean Epstein
Terra, A, ver Zemlya
Terra de Espanha: ver Spanish Earth
To Be or Not to Be, de Ernst Lubitsch
Trade Tatoo, de Len Lye
Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Vordeiro
Triumph des Willens, Der, de Leni Riefentalh
Triunfo da Vontade, O: ver Triumph des Willens, Der
Trop Tôt, Trop Tard, de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet
V for Victory, , de Len Lye
Vento, O: ver Wind, The
Why we fight:The Nazi Strike, de Frank Capra
Why we fight: The Battle of Russia, de Frank Capra
Vinhas da Ira, As: ver Grapes of Wrath,
Wind, The de Victor Söjstrom
Yeghanaknere, de Artavazd Pelechian
Zemlya, de Alexander Dovjenko
Participantes por ordem alfabética:
Alberto Seixas Santos
Antoine De Baecque
António Rodrigues
Aonghus Lavelle
Danielle Hibon
Dominique Paini
Fergus Cahill
Fernando Lopes
Galahad Goulet
Gerald Collas
Ginete Lavigne
João Bénard da Costa
José Manuel Costa
Marceline Loridan-Ivens
Marina Graça
Mary Rose Cahill
Miguel Castro Henriques
Pedro Costa
Regina Guimarães
Saguenail
Susana Neves
Concerto Fergus Cahill / Aonghus Lavelle
(Recital de canto e música irlandesa após o filme "O Homem de Aran" de Robert Flaherty, integrado no Ciclo de Cinema O Olhar de Ulisses II – O Som e a Fúria)
18 de Setembro de 2000
Rivoli Teatro Municipal - Pequeno Auditório
Fergus Cahill compila e interpreta canções populares Irlandesas há quase quarenta anos. Actua frequentemente na Telefis Eireann (a televisão pública Irlandesa) e apresenta um programa de música tradicional na rádio. Natural de County Wexford, região do sudeste do país, vive actualmente em Connemara na maior parte do tempo.
Aonghus Lavelle tem 18 anos e é um virtuoso da música tradicional em vários instrumentos, nomeadamente o fiddle (instrumento de cordas com algumas semelhanças com o violino), a flauta, o feadog stain (ou tin whistle, um instrumento de sopro), o bandolim e a guitarra. Neste concerto, concentra-se no fiddle, flauta e tin whistle, já que são estes os mais tradicionais e com maior ligação ao período do filme The Man of Aran.
As Ilhas de Aran são uma comunidade de menos de 1000 pessoas, que viviam em condições de dureza e de pobreza extremas. Existiam fortes relações marítimas com Connemara e Clare, sendo a tradição musical mais regional que específica de Aran. Por outro lado, existe uma tradição oral bastante rica e de natureza bastante simples, que consiste, sobretudo em prolongadas canções sem acompanhamento musical, no que é chamado o “sena nos” (“a maneira antiga”). A música consiste essencialmente em melodias lentas ou música de dança interpretada no fiddle, tin whistle, flauta ou acordeão. Apesar de hoje em dia se interpretarem estas canções em grupos com vários instrumentos, na sua origem eram tocadas a solo.
Metropolis, de Fritz Lang com música ao vivo de MuteLifeDept.
Filme Concerto
25 de Setembro de 2000
Rivoli Teatro Municipal – Grande Auditório
Homem vs. Máquina
Nos dias de hoje, musicar e (ou) sonorizar um filme tornou-se num elemento tão importante e crucial, que já não nos podemos imaginar sem esses ‘condimentos’: são as salas de cinema equipadas com sistemas sonoros específicos para nos criarem a sensação de que estamos em pleno território onde decorre a acção dos filmes; a própria oferta do mesmo tipo de produto é já disponível para usufruto caseiro. O cinema entrou numa nova era em que ao espectador passou a ser sugerida a sua integração (passiva) no filme - desde a produção de Hollywood até ao cinema europeu, passando por alguma da produção independente, a relação da banda sonora (som) com o filme (imagem) é um dos mais sólidos suportes para o actual estado da 7ª arte.
Serve isto de introdução para relembrar as condições adversas em que Fritz Lang realizou Metropolis. Numa altura em que os filmes mudos eram musicados ao vivo, era na imaginação do próprio realizador que prevalecia a antecipação das sensações a serem despertadas nos espectadores. Lang era um visionário, o que só por si lhe deveria atribuir o dom especial de conceber uma teia de emoções com um recurso mínimo à sonoplastia (ex: O Testamento do Dr. Mabuse quase não recorre a banda sonora, baseando-se mais em sons reais e diálogos), deixando que a sua realização e a ausência sonora criassem um misto de surrealismo e medo.
Metropolis contou com uma banda-sonora original de Gottfried Huppertz - a qual não sei até que ponto terá sido cortada, pois este filme tinha originalmente 210 minutos na noite de estreia (10 de Janeiro de 1927) - mas é de certeza superior à versão ‘restaurada’ de Giorgio Moroder, que a deve ter concebido com um espírito (in)digno de ‘ópera-rock’. Não estou com isto a querer dizer que me coloco ao lado das habituais opiniões de alguns puristas do cinema mudo - (seria uma enorme contradição da minha parte) - mas existem limites ao bom gosto…
Ao ser convidado para musicar e sonorizar Metropolis para o ano 2000 tive a perfeita noção de que a responsabilidade era muito grande, não só por ser inserida numa programação que tem patenteado clássicos do cinema com a leitura actual de nomes importantes, mas principalmente porque o universo cinematográfico de Fritz Lang é singular. Decidi então repartir o trabalho com os meus “parceiros musicais” Pedro Tudela e Pedro Almeida, por achar que este seria o momento e o evento ideal para os MuteLifeDept ressurgirem, inseridos naquilo com que sempre se identificaram: as bandas-sonoras.
Como Metropolis é um filme sobre a vivência do Homem com a Máquina, decidiu-se à partida que as sonoridades a utilizar não teriam necessariamente de passar pelos ruídos das mesmas, mas sim criando ambientes que não só sejam adequados aos momentos, mas também ao espírito visionário que Lang incute no filme. Uma das coisas que sempre distingiu as produções de Fritz Lang foi a forma como transpunha o seu imaginário para a película, bem como a direcção de actores. Como o recurso ao som só mais tarde surgiria, o desempenho e as expressões dos actores eram fulcrais; teriam de sugerir a expressividade das palavras inexistentes.
Metropolis pode ser visto paralelamente como uma crítica ao que viria mais tarde a ser conhecido por Nazismo (note-se que o argumento foi escrito pela mulher de Lang, Thea von Harbou, que mais tarde viria a fazer parte dos quadros do III Reich) - o que só por si vem reforçar o espírito visionário de Lang - numa altura em que o Fascismo e o Totalitarismo na Itália eram realidade, Metropolis abordava temáticas como as da criação de uma “Raça Suprema” (o Autómato) e a inteira subsistência de uma cidade nas máquinas que operavam do seu sub-solo, vindo a interacção de ambas a tornar-se na principal razão para a catástrofe de Metropolis - tudo isto numa altura em que a 1ª Guerra Mundial tinha feito cair por terra ideais demonstrados em exposições como a de Paris (1889) na qual se pretendeu demonstrar a forte crença para o auxílio e benefício que a ajuda da(s) Máquina(s) traria(m) para o Humanidade.
Em breves linhas, a música e sonoplastia que irão envolver Metropolis para o ano 2000 estão directamente ligadas com os motes principais do filme: O Homem e a Máquina - sendo que para o Homem estará a leitura da música clássico-contemporânea e para a Máquina algum do actual (e futuro) estado da música (dita) electrónica.
Alex Fernandes
Participantes:
Alex Fernandes
Pedro Tudela
Pedro Almeida
Workshop Documentário de Televisão 1
De 18 a 22 de Setembro de 2000
Radiotelevisão Portuguesa – Estúdios do Monte da Virgem, Vila Nova de Gaia
Iniciativa no âmbito do protocolo assinado com a RTP
Conteúdo programático:
Tecnologia e linguagem da televisão.
Narrativa visual.
Como encontrar uma história.
Como contar uma história.
Como produzir uma história.
Filmagem e montagem.
Formador:
Paul Kriwaczek
Workshop Documentário de Televisão 2
De 6 a 10 de Novembro de 2000
Escola Superior de Jornalismo do Porto
Iniciativa no âmbito do protocolo assinado com a ESJP – Escola Superior de Jornalismo do Porto
Conteúdo programático:
Tecnologia e linguagem da televisão.
Narrativa visual.
Como encontrar uma história.
Como contar uma história.
Como produzir.
Filmagem e montagem.
Formadores:
Hugh Purcell
Paul Kriwaczeck
Workshop Iniciação à Reportagem em Televisão
De 6 a 17 de Novembro de 2000
Universidade Fernando Pessoa do Porto
Iniciativa no âmbito do protocolo assinado com a UFP – Universidade Fernando Pessoa
Conteúdo Programático:
Conhecimento de Betacam (noções básicas sobre o seu funcionamento);
Técnicas de filmagem;
Linguagem das imagens e sons;
Iluminação;
Noções de filmagem e gravação do som na entrevista;
Preparação e construção da reportagem;
Trabalho colectivo na reportagem;
Montagem;
Misturas;
Comentário sobre as imagens;
Atelier de escrita;
A Entrevista.
Formador:
Stéphane Manier
Colóquio Tendências do Audiovisual Europeu
Políticas Sectoriais e Nichos de Mercado
Dia 6 e 7 de Dezembro de 2000
Faculdade de Engenharia do Porto
Organizado pela Fundação da Ciência e Desenvolvimento em colaboração com a Reitoria da Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia do Porto e Odisseia nas Imagens.
Texto de divulgação da iniciativa:
Tendências do Audiovisual Europeu
A Universidade do Porto inaugura no ano lectivo de 2000/2001 um novo curso de Jornalismo e Comunicação Social.
Na viragem do milénio, quando a cidade do Porto se prepara para ser Capital Europeia da Cultura, a aposta académica nestas áreas era tanto mais inadiável quanto é certo serem elas factores decisivos do desenvolvimento, num contexto em que o global requer o local e a comunicação-mundo impõe critérios cada vez mais exigentes ao nível da investigação e do discurso produzido pelos media.
Consciente da importância da criação do novo curso e da sua lógica de serviço público, a Fundação Ciência e Desenvolvimento, com o apoio da Câmara Municipal do Porto, da Reitoria da Universidade e da Odisseia nas Imagens – Sociedade Porto 2001, promove o Colóquio Tendências do Audiovisual Europeu – Políticas Sectoriais e Nichos de Mercado, através do qual se pretende lançar um debate, que será recorrente durante o ano de 2001 no âmbito da Programação Audiovisual da Capital Europeia da Cultura, com o objectivo de mobilizar jornalistas, criadores e outros agentes culturais para o apoio a produções audiovisuais de qualidade capazes de projectar positivamente a visibilidade da cidade e da região.
O Colóquio é articulado em três painéis:
-Ensino, Produção de Conteúdos e Nichos de Mercado;
-Os Festivais enquanto elementos de promoção do Audiovisual Europeu – impacto local e regional e formação de novos públicos;
-Jornalismo, Ensino e Vocações.
O primeiro painel pretende relevar a importância da produção de conteúdos, bem como o papel do serviço público de Televisão, no quadro das directivas e tendências do Audiovisual Europeu; o segundo perspectiva o papel dos Festivais na promoção das produções europeias quer no plano do trabalho de criação, quer no plano da actividade jornalística; o terceiro, delimita a esfera do jornalismo e procura identificar as motivações dos jovens que os levam a optar por esta área profissional, bem como a responsabilidade social daí decorrente.
Jorge Campos
Participantes por ordem alfabética:
Abi Feijó (Casa da Animação)
Alain Lebouc (Festival du Scoop et du Journalisme de Angers)
Alberto Arons de Carvalho (Secretário de Estado da Comunicação Social)
António Augusto de Sousa (Faculdade de Engenharia do Porto)
António Fragoso (Mostra Atlântica de Televisão – MAT)
António Gaio (Cinanima)
António Modesto (Faculdade de Belas Artes do Porto)
António Pedro Vasconcelos (Cineasta, especialista em assuntos do audiovisual europeu)
Carlos Carballo (TV Galiza)
Carlos Daniel (SIC)
Elíseo de Oliveira (Foco-RTP)
Eugénio dos Santos (Faculdade de Letras do Porto)
François Ballais (Coordenador dos Festivais Europeus de Cinema)
Georges Bollon (Festival Internacional de Curtas Metragens de Clermont Ferrand)
Giles Oakley (BBC)
Helder Bastos (Curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto)
Jorge Campos (Odisseia nas Imagens – Sociedade Porto 2001)
José Azevedo (Faculdade de Letras do Porto)
José Rebelo (ISCTE)
Luís Miguel Duarte (Faculdade de Letras do Porto)
Manuela de Melo (Sociedade Porto 2001)
Margarida Ledo Andíon (Universidade de Santiago de Compostela)
Mário Dorminsky (Fantasporto)
Marques dos Santos (Vice Reitor da Universidade do Porto)
Novais Barbosa (Reitor da Universidade do Porto)
Nuno Cardoso (Presidente da Câmara Municipal do Porto)
Nuno Rodrigues (Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde)
Paquete de Oliveira (ISCTE)
Pilar Gonzalez (Universidade de Santiago de Compostela)
Pimenta Alves (INESC – Porto)
Pina Cabral (Escola Superior de Belas Artes do Porto)
Raquel Matos-Cruz (Jornalista)
Rui Centeno (Faculdade de Letras do Porto)
Simon Evans (Sheffield Documentary Film Festival)
Victor Martins (Escola Superior de belas Artes do Porto)
Xosé Lopez (Universidade de Santiago de Compostela)
Estórias de Duas Cidades
(Encomendas da Odisseia nas Imagens)
25 a 28 de Janeiro de 2001
Festival Internacional de Cinema de Roterdão
Em Co-Produção com a RTP
1ª apresentação pública – Estreias Mundiais
As Curtas Metragens de Ficção representam uma parte significativa dos conteúdos simbólicos produzidos pelo audiovisual europeu, podendo contribuir para a formação de novos públicos e para o estabelecimento, a médio prazo, de uma produção regular a nível local e regional de acordo com as opções estratégicas feitas pelo Departamento de Cinema, Audiovisual e Multimédia da Sociedade Porto 2001. O jovem cinema português tem, aliás, alcançado notoriedade internacional neste domínio.
A série de curtas metragens “Estórias de Duas Cidades” é a primeira parte visível de um conjunto de onze produções cinematográficas que o Porto 2001 encomendou ou apoiou, em que a cidade do Porto é o ponto de partida para uma realidade imaginada, não só como espaço físico, mas também como um espaço de experiências e vivências pessoais.
São quatro curtas metragens de autores portugueses, associadas a duas de autores holandeses, que ilustram uma vontade presente desde o início do projecto de proporcionar olhares cruzados sobre as duas cidades Capitais Europeias da Cultura Porto – Roterdão 2001.
As “curtas” portuguesas,
Acordar, de Tiago Guedes e Frederico Serra
As Sereias, de Paulo Rocha
Canção Distante, de Pedro Serrazina
Corpo e Meio, de Sandro Aguilar,
foram, também, entendidas como uma forma de promoção da Capital Europeia da Cultura em função da sua presença em festivais de cinema.
Eis o seu percurso até Janeiro de 2002:
Exibições das 4 curtas metragens "Estórias de Duas Cidades":
Festival de Roterdão - 25 e 28 de Janeiro 2001
Fantasporto - 23 de Fevereiro 2001
Festival de Sta Maria da Feira - 12 Abril 2001
Exibições individuais:
"Acordar"
Toronto Worldwide Short Film Festival (Canada) 6 a10/06/01
Message to Man Film Festival (Rússia) 15 a 22/06/01
Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde 3 a 8/07/01 (Prémio melhor jovem realizador)
Imago 2001 - Covilhã - 25 a 30/09/01
Rencontres Européenes du Court Metrage - Metz (França) 13 a 20/10/01
Uppsala Int. Short Film Festival (Suécia) 22 a 28/10/01
Festival du Film Court Villuerbanne (França) 10 a 26/11/01
Festival Internacional de Cine Independente de Ourense (Espanha) 3 a 9/11/01
Mostra 3 - Caldas da Rainha 7 e 8/12/01
ICA, The Mall, Londres (Reino Unido) 7 a 13/12/01
Clapham Picturehouse, Londres (Reino Unido) 20/01/02
Watershed, Bristol (Reino Unido) 7 a 27/01/02
Showroom Cinema, Sheffield (Reino Unido) 29/01/02
Panorama Português - Festival de Clermont – Ferrand (França) 1 a 9/02/02
Arts Picturehouse, Cambridge (Reino Unido) 24/02/02
"Corpo e Meio"
Fantasporto - 2001 (Prémio Melhor Curta Metragem Portuguesa)
Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde 3 a 8/07/01 (Prémio para melhor curta metragem Portuguesa; Prémio European Film Academy / UIP para melhor filme Europeu)
Split Festival of New Film (Croácia) 22 a 29/09/01
Murphy's 46th Cork Film Festival 7 a 14/10/01
Festival International Nouveau Cinema Nouveaux Médias, Montreal, (Canada) 11 a 21/10/01
Festival International du Film d'Amiens (França) 9 a 18 /11/01
Festival de Gijón (Espanha) 23 a 30/11/01
Flanders International. Film Festival – Ghent (Bélgica) 9 a 20/10/01
European Film Awards – Berlim (Alemanha) 30 /11 a 1/12/01
Mostra 3 - Caldas da Rainha 7 e 8/12/01
ICA, The Mall, Londres (Reino Unido) 7 a 13/12/01
Clapham Picturehouse, Londres (Reino Unido) 20/01/02
Watershed, Bristol (Reino Unido) 27/01/02
Showroom Cinema, Sheffield (Reino Unido) 29/01/02
Arts Picturehouse, Cambridge (Reino Unido) 24/02/01
"As Sereias"
New Portuguese Culture Festival 2001 - São Francisco (EUA) 25/08 a 04/11/01
Imago 2001 25 a 30 /09/01
Festival Ibero Americano de Montreal (Canadá) 13 a 18/11/01
Retrospectiva dos Estúdios Aardman
Casa da Animação
De 7 Janeiro a 18 de Fevereiro de 2001
Rivoli Teatro Municipal e Casa Tait
Esta retrospectiva deu a conhecer os filmes da Aardman em 5 programas distintos, curtas e longas metragens, bem como os meus métodos de trabalho através de uma exposição sobre animação em plasticina e de um workshop de animação em volumes. Realizaram-se diversas sessões Infantis destinadas às escolas do ensino básico e secundário.
Exposição dos Estúdios Aardman
De 7 a 26 de Janeiro de 2001
Rivoli Teatro Municipal – Foyer
Exibição de filmes
De 22 a 26 de Janeiro de 2001
Rivoli Teatro Municipal – Pequeno Auditório
Filmes Apresentados:
1. Os Primeiros Anos
The Amazing Adventures of Morph, de Peter Lord e David Sproxton (1980)
Sales Pitch, de Peter Lord e David Sproxton (1981)
Babylon, de Peter Lord e David Sproxton (1986)
Next, de Barry Purves (1989)
Ident, de Richard Goleszowski (1989)
Going Equipped, de Peter Lord e David Sproxton (1989)
War Story, de Peter Lord (1989)
Adam, de Peter Lord (1991)
Loves me ... Loves me not, de Jeff Newitt (1992)
Creature Comforts, de Nick Park (1989)
2. Filmes Recentes
Pib and Pog, de Peter Peake (1994)
Wat's Pig, de Peter Lord (1996)
Pop, de Sam Fell (1996)
Not without my handbag, de Boris Kossmehl (1993)
Owzat, de Mark Brierley (1997)
Stage Fright, de Steve Box (1997)
Al Dente, de Mark Brierley (1998)
Minotaur & Little Nerkin, de Nick Mackie (1999)
Colecção de Curtas Metragens, vários (2000)
Humdrum, de Peter Peake (1998)
3. Wallace & Gromit
A Grand Day Out, de Nick Park (1989)
Glico 98, de L. Price e Da Riddett (1998)
The Wrong Trousers, de Nick Park (1993)
Glico Target, de Steve Box (1999)
A Close Shave, de Nick Park (1995)
Glico Space, de Steve Box (2000)
4. Longa Metragem
Chicken Run (A Fuga das Galinhas), de Peter Lord e Nick Park (2000)
5. Séries para Televisão e Internet
Rex the Runt - Easter Island, de Richard Goleszowski (1998)
Angry Kid - Captain Thunderpants, de Darren Walsh (1999)
Morph Files – Babysitting, de David Sproxton (1995)
Rex the Runt - Under the Duvet, de Richard Goleszowski (1998)
Angry Kid – Headlights, de Darren Walsh (1999)
Compilação de Filmes Publicitários - vários
Angry Kid – Swearing, de Darren Walsh (1999)
Morph Disco, de Steve Box (1999)
Rex the Runt - Stinky Basil, de Richard Goleszowski (1998)
Morph Files - The Birthday Party, de David Sproxton (1995)
Angry Kid - Sex Education, de Darren Walsh (1999)
Rex the Runt – Carbonara, de Richard Goleszowski (1998)
Morph Magic Door, de Pascual Perez (2000)
Angry Kid – Bone, de Darren Walsh (1999)
Participantes:
Kieran Argo
Chris Entwistle
Seamus Malone
Workshop de Animação em Volumes
De 14 a 18 de Fevereiro de 2001
Casa Tait
Este workshop de carácter prático e com a duração de 40 horas foi coordenado por Chris Entwistle e Seamus Malone (modelmaker e animador principal da longa metragem “A Fuga das Galinhas”).
Workshop O Primeiro Olhar
De 8 Janeiro a 5 Outubro 2001
Associação Os Filhos de Lumiére
6 acções de formação distribuídas ao longo do ano, dirigidas a jovens de 3 escalões etários: 9/12 anos; 13/15 anos e 16/18 anos
Seis cursos de quinze dias, destinados a um público-alvo em idade escolar, no âmbito dos quais os grupos (de dez elementos) realizaram curtas-metragens individuais e colectivas, após um módulo de iniciação à linguagem cinematográfica, numa perspectiva histórica e estética; o objectivo destas acções consistiu numa sensibilização dos olhares mais jovens para as grandes questões de forma e de sentido que a prática de cinema levanta.
Participantes:
Alexandra Afonso
Catarina Alves Costa
Francisco Veloso
Inês Raquel Carvalho
João Pinto Nogueira
Luís Botelho
Manuel Mozos
Nina Ramos
Olga Ramos
Olivier Blanc
Paulo Américo
Paulo Ares
Pedro Costa
Pedro Duarte
Pedro Marques
Regina Guimarães
Rui Coelho
Saguenail
Sandro Aguilar
Workshop Filmar
De 29 Janeiro a 18 Maio de 2001
Associação Os Filhos de Lumiére
3 acções de formação distribuídas ao longo do ano
Foram três cursos de quinze dias destinados a um público alvo de jovens vocacionados para uma profissionalização na área do audiovisual, no decorrer dos quais foi promovida uma formação elementar no campo da gramática cinematográfica e fornecida alguma ferramenta crítica de modo a questionar positivamente preconceitos que existem sobre o cinema. Os cursos valorizaram a vertente experimental da aprendizagem através da realização individual e colectiva de filmes de curta duração.
Participantes:
Alexandra Afonso
Francisco Veloso
Inês Raquel Carvalho
João Pinto Nogueira
Luís Botelho
Manuel Mozos
Nina Ramos
Paulo Ares
Pedro Marques
Sandro Aguilar
Museu da Pessoa
Iniciativa no âmbito dos protocolos assinados com a Universidade do Minho, Museu da Pessoa de São Paulo e Universidade Popular do Porto
Projecto multimédia, o Museu da Pessoa é, fundamentalmente, um museu virtual que conta, na Internet, a história da cidade e dos lugares através dos testemunhos de anónimos. Tem, no entanto, outras dimensões, explorando com o mesmo objectivo suportes tradicionais, como o Livro e a Televisão. Resultante de uma parceria da Sociedade Porto 2001 com a Universidade do Minho e com o Museu da Pessoa de São Paulo, o Museu da Pessoa está disponível em HYPERLINK "http://museudapessoa.portugal.net/" http://museudapessoa.portugal.net. Formadores brasileiros e especialistas portugueses orientaram workshops com vista a preparar as equipas que trabalharam no terreno. Articulada com esta iniciativa foi dado seguimento ao projecto Memórias do Trabalho da responsabilidade da Universidade Popular do Porto.
Workshops Museu da Pessoa
de 17 a 21 de Janeiro
de 7 a 17 de Fevereiro
de 21 a 23 de Março de 2001
Universidade do Minho
Este programa visou preparar os formandos, de forma prática e conceptual, para a recolha de depoimentos de histórias de vida. O método envolve vivências e a transmissão de noções de memória oral. Durante a oficina os formandos realizaram as seguintes tarefas:
Planeamento e realização de depoimentos orais em suporte vídeo de habitantes da cidade do Porto;
Transcrição, processamento, edição e inserção em base de dados dos referidos depoimentos.
Participantes:
Karen Worcman
José Santos Matos
Luiz Egypto de Cerqueira
Rosali Nunes Henriques
Apresentação Pública do Museu da Pessoa
22 de Novembro de 2001
Estação de São Bento
Fantasporto
De 17 Fevereiro a 6 Março de 2001
Rivoli Teatro Municipal
Iniciativa no âmbito do protocolo assinado com o Fantasporto
Na sua 21ª Edição o Fantasporto apresentou uma selecção com opções estéticas e temáticas muito diversificadas consagrando uma programação de Filmes do Mundo. Assinala-se a ante estreia nacional dos filmes da série Estórias de Duas Cidades, bem como a ante estreia mundial do projecto da Fantasy Film Factory "Arachnid", de Jack Sholder e de "Faust", de Yuzna. "Shadow of a Vampire", de Elias Merhige e produzido por John Malkovich teve aqui a sua ante estreia nacional. Puderam ainda ser vistos alguns dos filmes ganhadores em Cannes, como "Amores Perros", de Alejandro Gonzalez Iñarritu e uma invulgar mostra de cinema neo-zelandês, na qual avultaramm "The Irrefutable Truth About Demons", de Glenn Standring e "The Price of Milk", de Harry Sinclair.
Texto publicado no catálogo do Fantasporto:
Fantasporto e Odisseia nas Imagens
Episódios de uma História com Pontes para o Futuro
Setembro de 1896
Na Rua de Santa Catarina, no Porto, um homem afadiga-se em torno de uma caixa de madeira envernizada apoiada num tripé em tudo idêntico ao utilizado pelos fotógrafos profissionais. Diante dele está a porta principal da Fábrica Confiança. À hora do almoço, operários – homens e mulheres – começam a sair. O homem imprime um movimento de rotação cadenciado, tão uniforme quanto possível, a uma manivela destacada do corpo da caixa.
Os transeuntes não o sabiam, mas estavam a assistir ao nascimento do Cinema Português.
Poderá não ter sido exactamente assim. Sustentam alguns que o filme foi manivelado por Magalhães Bastos, um familiar de Paz dos Reis. Mas os detalhes pouco importam. O que fica é o registo do momento a partir do qual o Porto iniciou o seu percurso de cidade de imagens em movimento. Feito de múltiplos episódios, esse percurso, por vezes atribulado, tem contribuído para sedimentar na memória colectiva o património de um passado comum fortemente identitário.
Desse património fazem igualmente parte a Invicta Filmes, a primeira experiência em Portugal de produção cinematográfica ao nível do que então se fazia de mais avançado em termos europeus, as experiência da Caldevilla Film ou da Fortuna Film, a publicação de algumas importantes revistas de cinema, a realização por Manoel de Oliveira de Douro, Faina Fluvial, marco do documentarismo português, e de Aniki-Bóbó, um clássico intemporal, os projectos de Neves Real e as suas salas de distribuição, como o Batalha, a militância cinéfila que se fez resistência política em torno do Cine-Clube do Porto e de figuras como Henrique Alves Costa.
Posto fim à ditadura, se a exibição cinematográfica pôde libertar-se das malhas da censura, a verdade é que, em parte devido à televisão e à mudança de hábitos que ela acarretou, em breve o público começou a desertar das salas. Numa altura em que se acentuavam sinais de depressão, dois episódios vieram marcar nova inflexão na História do Cinema do Porto e da sua área metropolitana. Um foi a criação do Cinanima, em Espinho, a partir do qual viriam a lançar-se as bases daquela que é hoje a mais importante produção cinematográfica do norte do País, o cinema de animação, ancorada em torno de produtoras como a Filmógrafo e a Alfândega Filmes. Outro foi o Fantasporto.
O Fantasporto tem um rosto: Mário Dorminsky. Pela sua mão e pela de Beatriz Pacheco Pereira, com o apoio de companheiros de sempre, como António Reis, o Fantasporto apresentou na sua primeira edição, em 1981, uma notável retrospectiva de clássicos de algum modo aparentados com o que então timidamente se designava por cinema fantástico. Alguns títulos: O Vento, de Sjostrom; O Testamento de Orfeu e A Bela e o Monstro, de Cocteau; A Atlântida, de Jacques Feyder; O Gabinete do dr. Caligari, de Robert Wiene; Metropolis, A Mulher na Lua e Dr. Mabuse de Fritz Lang; Nosferatu, de Murnau; O Feiticeiro de Oz, de Victor Flemming. Da selecção faziam ainda parte cineastas como Hitchcock, Vadim, Malle, Fellini, Tarkovsky, Bergman e Polanski, aos quais se juntavam Werner Herzog, De Palma, Peter Weir, Kaufman e Nicholas Roeg, bem como alguns dos filmes de culto da Hammer Films, entre os quais Dracula.
Por qualquer razão, apesar do fantástico aparecer claramente associado à imaginação e ao maravilhoso, numa linha que remonta a Méliès, e num contexto que nenhum cinéfilo desprezaria, a verdade é que o Fantasporto logo apareceu associado nas páginas dos jornais à ideia de sangue, vampirismo, terror e outras enormidades. Na verdade, o que havia era uma programação a pensar na captação de públicos, ora articulando a exibição de filmes recentes aguardados com expectativa com obras de referência da História do Cinema, ora dando a conhecer cinematografias menos conhecidas ou propondo uma releitura de filmes relativamente marginais, sem deixar de convocar os cineastas portugueses. Nessa edição o Fantasporto contou, entre outros, com filmes de António de Macedo, João César Monteiro, Sinde Filipe e Noémia Delgado. Pode concordar-se ou não com a estratégia prosseguida. Mas é tão indiscutível que o Fantasporto ousou novos caminhos, quanto é certo que contribuiu para o regresso do público às salas, sobretudo através da captação de muitos jovens obviamente cúmplices da aventura empreendida.
Fevereiro de 2001
Passados vinte e um anos sobre a data do nascimento do Fantasporto, agora uma instituição cultural prestigiada e consolidada, a conjuntura favorável da Capital Europeia da Cultura permitiu lançar um novo projecto denominado Odisseia nas Imagens, com o objectivo de potenciar sinergias existentes e de estabelecer uma rede de relações que repercuta positivamente no campo dos media em termos de Investigação, Produção, Distribuição e excelência de discurso. Apesar de um número significativo de iniciativas ter tido início durante o ano de 2000, de modo a consolidar parcerias, dar seguimento a encomendas, integrar projectos externos e criar novos públicos que hão-de permitir a existência de circuitos alternativos para modalidades discursivas à margem da distribuição comercial, não quis – nem podia ser de outro modo – o departamento de Cinema, Audiovisual e Multimédia da Sociedade Porto 2001 deixar de se associar de um modo muito particular ao Fantasporto. Desde logo, valorizando a sua Programação Oficial com a integração do Fantasporto. Depois, fazendo no Fantasporto a estreia nacional da série Tales of Two Cities, seis filmes que correspondem a outros tantos olhares cruzados sobre as cidades do Porto e Roterdão. Finalmente, associando o Fantasporto ao aparecimento daquele que será o novo festival de documentarismo e novos media, designado Odisseia nas Imagens, o qual culmina o trabalho desenvolvido ao longo de dois anos no âmbito do projecto com o mesmo nome.
A partir de 2001, o Porto e a sua área metropolitana assumem-se, assim, como uma plataforma fortemente internacionalizada para todas as modalidades discursivas audiovisuais e multimédia: O Cinanima para o cinema de animação, o Fantasporto para as longas metragens, o Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde para as curtas e a Odisseia nas Imagens para o documentarismo e os novos media.
Será essa uma forma de lançar pontes para o futuro, conferindo maior visibilidade e protagonismo à nossa Cidade das Imagens.
Jorge Campos
Gala de Abertura do Fantasporto
Sinfonia Fantástica de Berlioz
Orquestra Sinfónica do Porto, dirigida pelo Maestro Frederic Chaslan
17 Fevereiro de 2001
Coliseu do Porto
Em Colaboração com a Casa da Música
Sessão de Abertura do Fantasporto de 2001
23 Fevereiro de 2001
Rivoli Teatro Municipal – Grande Auditório
Exibição do Programa “Estórias de Duas Cidades”
(Estreias Nacionais)
Workshop da Montagem de Cinema ao Multimédia
De 12 Março a 9 Novembro de 2001
Associação Os Filhos de Lumiére
Quatro acções de formação distribuídas ao longo do ano
Foram feitos quatro cursos de uma semana destinados a um público maioritariamente jovem, interessado no conhecimento das novas tecnologias. Os cursos proporcionaram formação e informação sobre as novas ferramentas multimédia que se oferecem aos criadores, mas partindo de uma reflexão teórica sobre a história das imagens em movimento. Procurou-se, por outro lado, responder à curiosidade crescente que envolve essas matérias enquadrando as novas tecnologias num quadro de pesquisa que tem a linguagem do cinema como referência.
Formadores:
Jean-Claude Bonfanti
Alok Nandi
(Continua)
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