Jornal Universitário do Porto (JUP) - Quando e como começou este projecto?
Jorge Campos (JC) - Este ciclo de Fotografia e Cinema Documental principiou há 4 anos. Tratou-se de lançar uma iniciativa que não só permitisse projectar a imagem do Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual (CTCAV) do IPP, reforçando a sua ligação ao exterior, mas também que fosse preparando terreno para opções especializadas tendo em vista a adaptação à Declaração de Bolonha, nomeadamente quanto aos mestrados profissionalizantes dos quais então começava a falar-se. Uma das preocupações foi, naturalmente, incluir as Imagens do Real Imaginado nos planos curriculares. Outra, a de internacionalizar o evento desde a primeira edição, na qual esteve presente o Curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Santiago de Compostela através da sua decana Margarida Ledo Andión, aliás, ela própria uma documentarista. Em edições posteriores, entre outros, estiveram representantes do curso de audiovisuais de Toulouse e realizadores com Jose Luis Guerín, Rahul Roy e Mercedes Alvarez. A expectativa é a de aprofundar este tipo de contactos tendo em vista o funcionamento dos mestrados.
JUP - Quais as diferenças entre o plano para este ano e o plano do ano passado?
JC - Do ano passado para este ano há óbvio um crescimento das Imagens do Real Imaginado. Essa tem sido, aliás, uma das características das iniciativas do CTCAV, como ainda recentemente se verificou com a exposição Take Way, realizada em parceria com o curso de design da ESEIG do IPP, na Biblioteca Almeida Garrett que teve mais de 3.000 visitantes. Também não deixa de ser significativo que o número de candidatos ao curso mais do que decuplique o número de vagas. Quanto ao ciclo passa a desenvolver-se em dois espaços, a Biblioteca Almeida Garrett e o Cinema Passos Manuel, e aproxima-se de um modelo testado com êxito no Porto 2001-Capital Europeia da Cultura, a Odisseia nas Imagens. Muitos dos convidados destes Olhares sobre a Cidade foram, de resto, participantes regulares nessa iniciativa como Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Abi Feijó ou Gérard Colas. Outros foram mesmo programadores da Porto 2001, casos de Paulo Cunha e Silva e Miguel Von Hafe Pérez. Acresce que, desta vez, há parcerias com a Alliance Française do Porto e com o Goethe Institut Portugal do Porto, que deverão ter continuidade. O ano passado o ciclo já contou, como também conta este ano, com a colaboração do Festival de Vila do Conde.
JUP - Quais são as perspectivas para o próximo ano relativamente a este evento?
JC - Envolver um número ainda maior de parceiros, quer a nível nacional quer internacinal, nomeadamente tendo em vista criar condições de produção de nível profissional para efeito da concretização dos mestrados. Por outro lado, em todos os ciclos e iniciativas já realizados houve sempre a preocupação de apresentar trabalhos de estudantes. No caso do Take Way, por exemplo, todos os trabalhos fotográficos e videográficos eram exclusivamente da autoria dos alunos. Procuramos apontar para a excelência, mas sabemos que esse percurso leva o seu tempo, isto apesar de muitos dos trabalhos produzidos no âmbito da nossa escola terem sido premiados em múltiplas ocasiões. O próximo ciclo será, portanto, mais uma etapa desse percurso, certamente ainda mais ambicioso, e procurando lançar raízes para se transformar numa referência da vida cultural na cidade do Porto.
Jorge Campos
Programador
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