Ucrânia (Parte III): Nacionalismo e Identidade no Tempo dos Monstros, passar das marcas
- Jorge Campos
- há 30 minutos
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A ideia que se faz dos ucranianos da atualidade, segundo os historiadores de maior notoriedade referenciados nestes textos, é a resultante de um método de fusão da investigação do passado com a construção da realidade no presente, vertente em relação à qual os ativistas nacionalistas teriam um papel determinante. Nem todos, no entanto, pensam assim, até porque, como veremos, a complexidade da História não se compagina com simplificações. Se, por exemplo, para a maioria dos russos, a Ucrânia, enquanto estado nação, é difícil de entender, para os nacionalistas ucranianos é algo de simplesmente inquestionável. Sumariando a posição destes últimos quanto à identidade, os seus antepassados ocuparam sempre o mesmo território, pelo menos desde o século V. Originalmente, seriam o povo rus, mais tarde, já integrados no Império Russo, seriam os “pequenos russos” e, no tempo do Império Austro-Húngaro, os “ruténios”. Portanto, haveria como que uma linha legitimadora de espaço e tempo.
Isto mesmo nos é dito, desenvolvidamente, em Ucrânia - O Que Toda A Gente Precisa De Saber de Serhy Yekelchyk. Este mesmo autor, porém, também diz que “O termo Ucranianos firmou-se nos anos 1920, com a criação da RSS da Ucrânia, dentro da União Soviética, e a mobilização nacional dos ucranianos da Polónia” (p. 47), o que complexifica a questão. Para mais, se levada em linha de conta que grande parte do território atual do país só foi incorporada no século XX, após a Revolução de Outubro de 1917, e em períodos subsequentes. Portanto, devido às dinâmicas da História, as fronteiras foram mudando. Daí a dificuldade dos nacionalistas, sejam eles “radicais” ou “moderados”, em fundamentar com rigor o seu ponto de vista. E, assim sendo, não surpreende a cristalização progressiva de uma crença etno-nacionalista, mais ou menos dissimulada, em todo o caso fortemente presente nos círculos do poder.
No capítulo 5, intitulado A Revolução Laranja e a EuroMaidan, Serhy Yekelchyk aborda aquilo a que chama “nacionalismo extremo”. Em relação à EuroMaidan, faz a seguinte pergunta: Que papel desempenhou a direita radical nos protestos e que símbolos usou? Na resposta começa por enfatizar o papel dos meios de comunicação social russos, acusados de propaganda, ao projetarem uma imagem falsa dos acontecimentos, posto atribuírem aos neonazis uma influência que não tiveram.


Segundo Yekelchyk, “o protesto que derrubou Yanukovytch não era ideológico e a sua vaga identificação com a Europa não encaixa com a suposta orientação neonazi.” (p. 159) Ainda assim, admite que “Ao mesmo tempo, a direita radical desempenhou um papel notório na revolução, que vale a pena examinar.” (p. 159) O ponto de partida para o exame é o seguinte: “Antes da presidência de Yanukovytch, os nacionalistas radicais ucranianos definhavam nas margens da política.” (p. 159) Portanto, como nas páginas seguintes – e também em páginas anteriores - se pretende demonstrar, foi o presidente pró-russo - e o seu Partido das Regiões - o responsável pelo descontentamento que trouxe de volta os radicais nos anos de 2013 e 2014:
“Quando o regime de Yanukovytch tentou uma forte repressão contra a Maidan, a direita radical liderou o caminho na organização de uma resistência igualmente violenta. Os ativistas do Setor Direito e do Liberdade ainda constituíam uma pequena minoria na multidão revolucionária, mas eram os mais bem organizados e os mais visíveis.” (p. 161)
De seguida:
“Foi neste ponto crítico que alguns símbolos e palavras de ordem da direita radical foram introduzidas na cultura de protesto. A saudação nacionalista dos anos 1940, Slava Ukraini! (Glória à Ucrânia!) e a sua resposta Heroiam slava! (Glória aos Heróis!) adquiriram novo significado na Maidan. Quando usadas pelos manifestantes, essas palavras de ordem referiam-se a uma esperada democracia e a uma Ucrânia pró-ocidental, e eram vistos como heróis aqueles que caíram a lutar por essa causa. Significativamente, outra palavra de ordem dos anos 1940, Slava natsii, smert voroham! (Glória à nação, morte aos inimigos!), não pegou” (p. 162)
Nesta conjuntura, o historiador considera natural que símbolos como a bandeira da Organização dos Nacionalistas Ucranianos de Bandera, com as suas cores vermelha e negra, tenham sido aceites pelos cidadãos patriotas. No entanto, acrescenta, nem todos o fizeram de bom grado, havendo mesmo uma situação no EuroMaidan em que uma imagem de grandes dimensões do líder nacionalista, em lugar de destaque, foi substituída “por uma de Taras Shevchenko, o bardo nacional do século XIX e um símbolo muito menos divisor da identidade ucraniana.” (p. 162)
Aqui chegados, permito-me novo comentário. O balanço da Revolução da Dignidade foi trágico. Houve mais de uma centena de mortos entre os manifestantes, 13 do lado da polícia, e centenas de feridos. É uma estimativa benigna. Hoje, o que aconteceu entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014 está mapeado. Está igualmente registado em imagens, entre as quais filmes de sinal contrário O resultado é inquietante. Com forte probabilidade, os efeitos, mesmo se algo diluídos na forma, persistem. Havendo diferentes versões - ora se atribuem responsabilidades ao dispositivo repressivo, ora se consideram responsáveis os extremistas do Liberdade e do Setor Direito, apoiados por diplomatas e políticos ocidentais - o facto iniludível, como adiante se verá, é que os extremistas foram determinantes. Na Praça e no que se seguiu. E o que se seguiu foi a “ucranização”, há muito latente, que atingiu as populações, a cultura e a língua russas, bem como a guerra contra os separatistas do Donbass, iniciada em 2014 e na qual morreram, pelo menos, 14 mil pessoas.
Um exemplo dessa russofobia revangista foi Roman Ratushnyi, ativista da Euro Maidan. Publicou nas suas redes sociais a citação abaixo reproduzida pelo Ukraїner, jornal em linha que "pugna pelos valores democráticos", na edição internacional de 18 de julho de 2023:
“Burn out in yourself even the traces of Russian subculture. Burn away all the memories from your childhood that are connected with anything Russian and Soviet. Burn down relationships with friends and relatives that are from ‘that side’ – with everyone who is a carrier of the Russian subculture. Otherwise, it will burn you down.”
Prestando homenagem aos caídos no campo de batalha - Heroiam slava! –, o Ukraїner deu à estampa numerosos testemunhos patrióticos por eles deixados em vida. O artigo tem o título: Powerful Quotes from the Heavenly Regiment of Ukraine. (ver artigo completo, aqui)


Voltando a Serhy Yekelchyk, na avaliação do mosaico etnolinguístico, apesar de considerar, por um lado, que as populações do Donbass, em estudos de opinião (não identificados) não são maioritariamente favoráveis à secessão, admite, por outro lado, “que não se dá o caso de os voluntários vindos da Rússia estarem a lutar em prol das gentes do Donbass sem que estas os apoiem.” (p. 37) Pelo contrário, afirma que a ideia de uma “Grande Rússia” apela tanto aos recém-chegados combatentes russos como a parte das populações locais, e acrescenta que “o prolongado conflito tem as suas raízes tanto na identidade cultural da região como em medos recentemente incutidos.” (p.37)
A seguir:
“Mais do que uma região “russa” da Ucrânia, o Donbass é uma região industrial “soviética”, incerta do seu papel na nova Ucrânia. Migrantes vindos de toda a Rússia e camponeses ucranianos assimilados pela vida russófona da fábrica, os trabalhadores do Donbass identificavam-se com a glória das suas construções soviéticas, agora minas ineficientes e indústrias pesadas. (...) Depois da vitória da Maidan, foi relativamente fácil para a elite política local alimentar o descontentamento. Os revolucionários vitoriosos (da EuroMaidan) providenciavam os pretextos perfeitos com as disparatadas tentativas de abolir a lei da língua, vista como protegendo o russo enquanto língua regional, e as falhadas ‘ocupações simbólicas’ de alguns edifícios administrativos no leste (referência a Odessa).” (p. 37)
Passar das marcas 1. Se a ideia da “ucranização”, apesar de considerada um “disparate”, é tratada por Yekelchyk de modo a não lhe atribuir grande espaço ou importância, a verdade é que outros historiadores ucranianos a tratam de forma mais severa. É o caso de Marta Havryshko, académica de reputação internacional, feminista, investigadora do holocausto, do antissemitismo e dos movimentos de extrema-direita, com passagem por diversas universidades europeias e pelos Estados Unidos. Numa entrevista dada a 11 de dezembro de 2024 ao site, em inglês, ESSF (Europe Solidaire Sans Frontières), uma organização não governamental de solidariedade, falou dos “mitos etno-nacionalistas”.
Oriunda de uma família onde assinala a presença de partidários do nacionalismo radical, Marta Havryshko fez estudos superiores na Universidade Ivan Franko de Lviv, sua terra natal. De acordo com o seu testemunho, nos anos de 1990, foi ensinada a olhar para o nacionalismo como tendo pugnado pela independência, mas omitindo sempre a colaboração com a Alemanha nazi. Ora, segundo afirma na entrevista, é errado fazer interpretações convenientes de acontecimentos cientificamente certificados, dando como exemplo o massacre de Volínia, em 1943, uma questão, ainda hoje, em aberto com a Polónia. Aponta, igualmente, o caso da glorificação da 14ª Divisão de Granadeiros (Divisão da Galícia), uma unidade militar ucraniana da força de elite de Hitler, as Waffen SS, maioritariamente constituída por ucranianos étnicos, a qual, no Museu de História Militar de Kiev, seria comparada em bravura à 3ª Brigada de Assalto hitleriana. Considera, ainda, noutra passagem, haver consequências nefastas para o seu país decorrentes do revisionismo da História, o qual, a seu ver, favorece a narrativa russa da desnazificação. Lamentando que as autoridades ucranianas considerem a colaboração com os nazis durante a II Guerra Mundial um “mal menor”, afirma:
“Therefore, not only members of the Ukrainian national underground are celebrated, but also members of military units created by the Nazis who swore allegiance to Hitler and fought for the interests of Nazi Germany. I am referring to the Waffen-SS Galicia division, involved in anti-partisan punitive actions in Slovakia and Slovenia in 1944.”
Havryshko acrescenta:
“When I criticised all these disturbing developments related to the celebration of Nazi collaborators, I was subjected to harassment, persecuted, smeared, and received death threats. Freedom of speech has become a luxury in war-torn Ukraine, where ethno-nationalist historical myths are at the core of war propaganda. Most Ukrainians cannot afford to criticise memory politics out of fear of being accused of spreading “Russian propaganda” and “collaborating with the enemy”, which could mean trial and imprisonment.” (ler entrevista completa de Marta Havrysko, aqui)



Se o caso de Marta Havryshko não é passar das marcas, o que será passar das marcas? Em data anterior às declarações da historiadora, a 23 de Setembro de 2020, o Tribunal Supremo da Ucrânia decidira que os símbolos da Waffen-SS Galicia não estavam associados ao nazismo, pelo que não seriam proibidos. No ano seguinte, como documentado na foto acima, nacionalistas radicais desfilaram em Kiev para comemorar o 78º aniversário da Divisão, fundada em 1943 por voluntários da região. O presidente Zelensky, posteriormente, manifestou descontentamento com a manifestação. Mas, na edição em inglês de 29 de abril de 2021, o Kyiv Post escreveu: “In Ukraine, many people see members of the Galychyna Division as national heroes because they fought for Ukraine’s independence from the Soviet Union.”
Ainda segundo o Post:
“Some historians have stated that elements associated with the Galychyna Division were involved in attacks on civilians and other atrocities. However, despite being declared a criminal organization during the Nuremberg Trials, the division was not convicted of any crimes.” (ler notícia aqui)
Passar das marcas 2. Depois de Serhii Plokhi e Serhy Yekelchyk, é altura de falar de Owen Mathews e do seu livro Passar das Marcas – Os bastidores da guerra de Putin contra a Ucrânia (Edições 70), redigido em Moscovo e Kiev durante o primeiro ano de guerra. Mathews é cidadão britânico de ascendência ucraniana. Historiador, graduado em Oxford, mas destacando-se sobretudo como jornalista e escritor, foi durante 25 anos correspondente de jornais em Moscovo. Tendo começado a carreira na Bósnia, é profundo conhecedor da História da União Soviética, bem como dos assuntos da Federação Russa e dos seus principais protagonistas, em particular dos setores oposicionistas. Colaborou em numerosas publicações, entre as quais, o Moscow Times, The Times, Spectator, Independent e Newsweek. Alguns dos livros que publicou sobre os meandros da espionagem são simplesmente extraordinários. Destaca-se An Impeccable Spy: Richard Sorge, Stalin's Master Agent, biografia daquele que é considerado o espião mais famoso de todos os tempos, a meu ver, uma obra prima do género. Obviamente, o Passar das Marcas de Owen visa Vladimir Putin e a invasão da Ucrânia que, por sinal, o apanhou de surpresa na capital da Federação Russa, e acabaria por ter consequências na sua vida pessoal e familiar. Lá iremos.
Antes, porém, introduzo uma deriva. Se confrontada com o que depois virá, será, espero, um contributo relevante para o entendimento da complexidade da questão ucraniana. Recupero então parte de um extenso artigo de opinião publicado no Spectator, em 21 de julho de 2025, no qual Owen Mathews afirmava, em título, Ukrainians have lost faith in Zelensky. O texto desencadeou uma onda de indignações entre os pró-ucranianos do comentário político, bem como entre os partidários da bandeira azul e amarela nas redes sociais, muitos dos quais, em ambos os casos, comentadores ou fiéis seguidores, não sabiam sequer da inclinação nacionalista do autor.
De qualquer modo, Ukrainians have lost faith in Zelensky é, de facto, arrasador. Ouvido pelo jornalista, um antigo alto funcionário do governo, não identificado, afirma que se a guerra continuar, em breve não haverá mais Ucrânia pela qual lutar. Cada vez mais incapaz no campo de batalha, onde a realidade colide com o sucesso apregoado no ocidente, segundo ele, o País enfrentaria uma situação interna de crescente tensão “com vagas de detenções e silenciamento de órgãos de comunicação social”. Outros testemunhos, entre os quais o de Kyrylo Shevchenko, antigo diretor do Banco Central da Ucrânia, exilado na Áustria desde 2023, e também acusado de corrupção, levam Mathews a sugerir que “os líderes de uma nação em guerra roubam enquanto o povo luta e morre”. Em meados de 2025, novos escândalos. Dois vice-primeiros-ministros, o Ministro da Unidade Nacional, Oleksiy Chernyshov, e o Ministro da Reconstrução, Oleksandr Kubrakov, entre outras acusações, foram investigados por desvio de fundos e traição. A multiplicação de casos, de acordo com o que se lê, seria revelador das divergências no seio do governo, às quais se juntariam duras críticas ao presidente. De tal modo que um antigo ministro, igualmente não identificado, é levado a dizer que a Ucrânia tem dois inimigos com o mesmo nome, Vladimir: Zelensky e Putin. Em síntese, “Putin destrói a Ucrânia por fora, Zelensky está a destruí-lo a partir do interior. (ler o artigo completo aqui)
O homem que alertou para a grave situação do país em Ukrainians have lost faith in Zelensky, em 2025, é o mesmo que, em 2022, fez a defesa do Vladimir ucraniano contra o Vladimir russo em Passar das Marcas, (The Inside Story of Putin’s War Against Ukraine), livro visto pelo já nosso conhecido Serhy Yekelchyk como a “melhor análise atual da contagem decrescente para a guerra”. É provável que assim seja. Entre outras razões porque, por motivos familiares, Owen, conhece bem ambos os lados da barricada, sentindo-se, por isso, à vontade para fazer uma abordagem multifacetada, de diferentes ângulos de vista. Ao relato empolgante de experiências de vida, a começar pela dele próprio, junta abundante e rigorosa informação sobre aqueles dias em que o Kremelin pareceu ter perdido a cabeça.

Sendo o foco destes apontamentos o papel do nacionalismo na Batalha pela História - ou pela identidade legitimadora da nação, vai dar ao mesmo - vale a pena começar a conhecer melhor o autor, na primeira pessoa:
“A minha mãe, Lyudmila Bibikova, nasceu em 1934, na Carquive – em russo, Kharkov – uma cidade industrial de língua russa no norte da Ucrânia. O seu pai, Boris, nasceu em 1903, em Simferopol, na Crimeia, e a sua mãe, Martha Shcherbak, em Poltava, na Ucrânia. Contudo, a família Bibikov não se considerava ucraniana. Muito pelo contrário. Durante dois séculos, os Bibikov desempenharam um papel significativo no domínio imperial russo sobre a Ucrânia, primeiro como servos dos czares e depois como leais tenentes do poder soviético. A conexão não é confortável. Quer eu queira quer não, a história da minha família – o meu sangue – está intimamente ligado não só à Ucrânia e à Rússia, mas também à história do Império Russo.” (p. 50)
Daí a dificuldade em lidar como o problema de forma distanciada. Owen tenta fazê-lo indo bater nos mesmos pontos já largamente tratados por Plokhi e Yekelchyk, todavia, com algumas diferenças significativas. Contra a tese de Putin, segundo a qual russos e ucranianos seriam um mesmo povo, convoca o israelita Noal Yuval Harari. Para este, cujo pensamento corresponde ao dos nacionalistas, a Ucrânia tem uma história de mais de mil anos e Kiev já era uma importante metrópole e centro cultural quando Moscovo não era sequer um vilarejo. Owen, porém, discorda de ambos:
“As duas perspectivas são inadequadas. Os nacionalistas ucranianos têm razão quando afirmam que a sua nação é realmente antiga – mas é uma nação que raramente foi independente, e nunca com as fronteiras que herdou da União Soviética em 1991. E Putin tem razão quando afirma que os Russos, os Bielorussos e os Ucranianos descendem todos da unidade política da Rússia de Quíive – mas do mesmo modo que os estados francês e alemão foram conjuntamente os herdeiros do império quase contemporâneo de Carlos Magno, facto esse que dificilmente se revelou uma receita para uma unidade história subsequente.” (p. 48)
Putin, que não recolhe nenhuma simpatia da parte do autor, teria ainda razão num outro ponto: “Para quase qualquer russo ou ucraniano moderno, as relações entre as duas nações não são uma questão abstrata de política, e muito menos de história, mas de sangue e família.” (p. 49)
Prova disso, o percurso da família de Owen Mathews, os Bibikov.

Continua com Ucrânia (Parte IV): Nacionalismo e Identidade no Tempo dos Monstros, etno-nacionalismo e NATO




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