A língua viaja vagarosa no arco do corpo
como se o lugar do sagrado fosse
a fenda rubra do desejo, o refúgio de mãos
errantes em busca do brilho das estrelas.
Quando os dedos de tão leves na seda das coxas
são a trégua de uma noite de prodígios,
uma pausa na água das nascentes,
uma lua azul na desordem dos lençóis,
então, o tempo não é tempo,
é o arfar secreto do silêncio, um frémito de pássaros
em suspenso, o mistério
da brisa do levante.
E a vaga navega lenta, o mar é tanto
e o olhar tão limpo
que o estertor exultante da palavra
é apenas a sílaba breve do segredo que desperta
na pele súbita do instante.
08/10/2009
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