Este texto e o próximo respeitam ainda ao módulo 4.0 da Odisseia nas Imagens intitulado Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens. Uma das características da Programação de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura foi a a diversidade sustentada pela qualidade das parcerias estabelecidas. Assegurar a participação e o envolvimento de estruturas fortemente enraizadas como os festivais de cinema, as universidades e outros estabelecimentos do ensino superior foi uma prioridade. Assim, a Odisseia nas Imagens apoiou e integrou múltiplas iniciativas de modo a construir um mosaico do qual fosse possível tirar partido de sinergias existentes.
Em 2001, o Cinanima organizado pela Cooperativa Nascente, de Espinho, comemorou o seu 25º aniversário. Concomitantemente, a Casa da Animação dava os seus primeiros passos. Daí a presença na fase final da Programação do Porto 2001 de um grande número de eventos ligados ao Cinema de Animação e aos seus autores. De igual modo, sendo esse um período coincidente com a abertura de um novo ano escolar, verificaram-se diversas acções de formação apoiadas pela Odisseia nas Imagens.
Na próxima publicação, para concluir a parte dos módulos, far-se-á referência a O Choque das Imagens, outro segmento de Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens, bem como à vertente competitiva da Odisseia nas Imagens, quer a nível profissional, quer das escolas. Mais adiante, finalmente, dar-se-á conta da apreciação crítica então feita da Programação, designadamente quanto ao cinema documental que era um dos vectores fundamentais.
Os cinco anexos que aqui se juntam no final, todos da autoria de Rui Pereira, respeitam à comunicação, em conferência de imprensa, da totalidade dos eventos de Como Salvar o Capitalismo/ Outras Paisagens.
Retrospectiva de Mercedes Gaspar
Casa da Animação
De 8 a 12 de Outubro de 2001
Casa das Artes
Mercedes Gaspar: Licenciatura em Ciências da Informação (ramo de Imagem e Som), pela Universidade Complutense de Madrid; Licenciatura em Geografia e História, pela Universidad Nacional de Educacíon a Distancia (Espanha); Doutoramento em Imagem e Som, tese sobre “Outras técnicas de animação na década de 90 em Espanha”.
Outros estudos
Curso técnico, especialização em realização, pelo Instituto Oficial de Radio y Televisión.
Curso de dirección Escénica de Teatro, pela Real Escuela Superior de Arte Dramático.
Diploma em Solfejo e Piano, pelo Real Conservatorio de Música de Zaragoza.
Filmografia (argumento e realização):
Su Primer Amor/ O Seu Primeiro Amor (1992, 15’, 35 mm)
Sabía que Vendrias/ Sabia que Virias (1992, 35 mm)
El Sueno de Adán/ O Sonho de Adão (1994, 8’, 35 mm)
Las Partes de Mí que Te Aman Son Seres Vacíos/ As Partes de Mim que te Amam São Seres Vazios (1995, 10’, 35 mm)
Escravos de Mi Poder/ Escravos do Meu Poder (1996, 10’, 35 mm)
El Sabor de la Comida de Lata/ O Sabor da Comida de Lata (1997, 6’, 35 mm)
El Derecho de las Patatas/ O Direito das Batatas (2001, 16’, 35 mm)
Workshop de Pixilação
De 8 a 12 de Outubro de 2001
Casa das Artes
Orientado por Mercedes Gaspar
1ª Parte – Introdução à Pixilação
Características gerais da técnica de pixilação. O que é a pixilação? Como se executa? Quais as possibilidades. Os ritmos. As velocidades.
Animação de pessoas, de objectos, questões aliadas ao decor, luzes e câmara.
Combinação da pixilação com outras técnicas de animação: marionetas, plasticina, fotografias e desenho.
Comentários sobre as curtas metragens realizadas pela autora, uma explanação plano a plano, revela-nos como foram realizados, que efeitos foram utilizados, sistemas de animação, entre outros.
Debate com os formandos.
2ª Parte – Desenvolvimento Prático
Criação de planos em pixilação e combinação com outras técnicas.
Organização de grupos de trabalho para a realização de pequenas animações: com pessoas e marionetas, objectos e fotografias.
Mostra dos Filmes de Mercedes Gaspar
De 12 a 14 de Outubro de 2001
Casa das Artes
Filmes Apresentados:
Su Primer Amor / O Seu Primeiro Amor (1992)
El Sueno de Adán / O Sonho de Adão (1994)
Las Partes de Mí que Te Aman Son Seres Vacíos / As Partes de Mim que te Amam São Seres Vazios (1995)
Esclavos de Mi Poder / Escravos do Meu Poder (1996)
El Sabor de la Comida de Lata / O Sabor da Comida de Lata (1997)
El Derecho de las Patatas / O Direito das Batatas (2001)
Workshop Novas Tecnologias na Criação Audiovisual
De 8 a 12 Outubro de 2001
Escola Superior Artística do Porto
No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto
Conteúdo Programático:
As novas tecnologias e o Audiovisual
Organização da produção
Criação de grupos de trabalho
O guião
O “Shooting Script”
A utilização do chroma key
A rodagem
A Pós-produção
Formador:
Joe Davidow
Alletsator - XPTO Kosmos 2001
11 a 13 de Outubro de 2001
Teatro Helena Sá e Costa
Projecto externo apoiado
Dentro de uma concepção de teatro experimental, este espectáculo pretendeu levar à cena uma estética literária ainda pouco explorada entre nós, a literatura cibernética (textos gerados por computador) – o ciberteatro. A conjugação de sete áreas artísticas no mesmo espectáculo, a coordenação dessas áreas por um encenador - João Paulo Costa - que ao longo do seu trabalho tem demonstrado a preocupação em propor novas linguagens teatrais, e a maturidade do autor do texto – Pedro Barbosa - foram os factores que levaram a Odisseia nas Imagens a apoiar esta jovem companhia em conjunto com as áreas do PCL e AM.
Participantes:
Alexandra Macedo
Angela Lopes
Armindo Araújo
Carlos Sílva
Cláudia Sousa
Claúdia Teixeira
Elisabete Pinto
Eloy Monteiro
Fernanda Alves
Inês Lamares
Isabel Queirós
Joana Pinho
João Lisboa
João Paulo Costa
João Paulo Fernandes
Leonor Afonso
Luís Baptista
Margarida Videira
Marina Freitas
Mário Loureiro
Miguel Pinheiro
Nuno Lucena
Pedro Almendra
Pedro Barbosa
Renato Seixas
Ricardo Santos
Sílvia Correia
Sílvia Marques
Sónia Correia
Sony
Tiago Oliveira
Virgílio Melo
Workshop Produção de Documentários em África
De 5 a 7 de Novembro de 2001
Escola Superior Artística do Porto
No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto
Formador:
Andrzej Kowalski
Cinanima
De 5 a 11 de Novembro de 2001
Centro Multimeios de Espinho
No âmbito do protocolo assinado com o Cinanima
O Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho é o único festival do género em Portugal. Ao longo dos anos foi criando um público fiel e dando a conhecer o que de melhor se faz por todo o mundo. É reconhecido como um dos grandes festivais do cinema de animação, tanto pelos profissionais, quanto pelas mais altas instâncias europeias e norte-americanas apoiantes da produção e difusão internacional de cinema de animação. No ano em que comemorou 20 anos, o Cinanima promoveu no âmbito da Odisseia nas Imagens dois programas: "O Cinema de Animação e a Música" e "O cinema de Animação e a Pintura". Aí se fez o retrato de grandes pintores e músicos por criadores de craveira internacional. Raoul Servais, o mestre belga da animação, a quem se chama "O Cineasta Pintor", foi uma das presenças. A Sociedade PORTO 2001 S.A. apoiou ainda a edição em CD-ROM da História da Animação em Portugal, no âmbito das comemorações dos 25 anos do Cinanima e atribuiu o Prémio Porto 2001 para o melhor filme de animação português em competição na 25ª edição do festival.
O Cinanima no Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura
25 Anos A Fazer Ver O Que Deve Ser Claramente Visto
O Cinema de Animação merece um pouco por todo o lado uma atenção crescente de quantos se ocupam da arte das imagens em movimento. Esse interesse tem em Portugal alguns rostos responsáveis, gente e instituições cuja actividade feita de amor e paixão, de bonomia e perseverança, contribuiu de forma decisiva para que hoje se possa falar de um trabalho de criação que reflecte uma particular visão do mundo em português, projectando positivamente a imagem do País além fronteiras onde, de resto, conhece uma notoriedade, infelizmente, ainda sem equivalência no plano nacional. Males antigos dir-se-á, que tanto resultam da permeabilidade ao discurso dominante do imediatismo, quanto de uma incapacidade peculiar de atribuir às coisas o lugar certo no momento certo e, como tal, de promover a lógica estruturante que sabe distinguir o nuclear do acessório. Destes males não pode ser acusado o Cinanima. Pelo contrário.
Na verdade, quando há vinte e cinco anos se lançou o Festival, muito mais do que o exercício lúdico que também foi essa iniciativa havia nos promotores uma enraizada ideia de contemporaneidade atenta a formas de dizer até então se não proscritas pelo menos silenciadas ou limitadas a uma circulação restrita e marginal. A Banda Desenhada ou o Cinema de Animação, por exemplo, ocupavam um território relativamente desqualificado ou, na melhor das hipóteses, confinado a um público infanto-juvenil considerado o destinatário natural de bens simbólicos supostamente mais acessíveis do ponto de vista da significação e elaboração artísticas. Mesmo à esquerda, entendida enquanto espaço de progresso e liberdade por oposição ao conservadorismo da direita, durante muito tempo prevaleceram concepções autorais radicadas em modelos do século XIX, cujas consequências resultaram em conclusões apressadas e, como tal, inadequadas ao ritmo e à compreensão das dinâmicas criativas emergentes. Basta recordar a frequência com que a BD ou a Animação foram sumariamente remetidas para a chamada cultura de massas e, por essa via, imediatamente desqualificadas.
Foi necessário um sobressalto democrático, que foi também um agitador no plano da criação artística, para que a situação evoluísse numa outra direcção. Esse sobressalto foi, evidentemente, a Revolução de Abril de 1974. O Cinanima também é, em larga medida, tributário desse acontecimento. Recordo-me do entusiasmo com que pioneiros como Vasco Granja e António Gaio, entre outros, se entregavam à tarefa de fazer crescer uma arte que há muito os seduzia e que, nessa altura, muito por mérito deles próprios, se encontrava numa fase explosiva de divulgação, afirmação e legitimação. Recordo-me dos jovens que acorriam a Espinho imbuídos de um forte espírito de descoberta e de quem o Cinanima viria a fazer notáveis criadores. Era e é, esse, afinal, o papel dos festivais: juntar as pessoas, estimular a imaginação, promover novos desafios, contribuir para orientar quer a produção, quer as políticas sectoriais do audiovisual sem as quais um pequeno país como Portugal corre o risco de sucumbir perante os grandes produtores globais.
O Cinanima está de parabéns. Se todo o seu percurso fazia dele à partida um dos parceiros estratégicos da Odisseia nas Imagens do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, integrando nomeadamente a sua Programação Oficial, os factos subsequentes só vieram confirmar a bondade das opções então tomadas. Na verdade, o Cinanima comemora os seus 25 anos exactamente no ano em que o Porto vai assistir à inauguração da sua Casa da Animação. E, em rigor, o percurso da Casa da Animação não principiou no momento em que a Filmógrafo apresentou o seu projecto à Sociedade Porto 2001, antes remonta ao tempo, há 25 anos, em que o seu principal animador, Abi Feijó, começou a frequentar o Cinanima. É esta função estruturante, feita de tempo e paciência, fazendo ver o que deve ser claramente visto, que releva a importância de um festival. Hoje pode afirmar-se sem receio de desmentido que o Cinanima é o grande responsável pelo salto em frente dado pelo Cinema português de Animação, atestado por um número invulgar de prémios e distinções atribuídos um pouco por todo o mundo. Parabéns, pois, para o Cinanima.
Mas as felicitações devem ser extensivas à cidade de Espinho. Se é certo que o festival contribui para colocá-la no mapa dos eventos culturais europeus, não é menos verdade que, ao dar o seu apoio ao Cinanima da forma como o tem feito, Espinho reforça o papel inovador e pioneiro de ter sido uma das primeiras, se não a primeira cidade portuguesa a compreender o papel e a importância de iniciativas cujas consequências repercutem em profundidade em áreas vitais para a cultura e a identidade de um País, como é o caso do Audiovisual.
Jorge Campos
Lançamento do Livro A História do Cinema de Animação em Portugal
10 de Novembro de 2001
Centro Multimeios de Espinho
Participantes:
António Gaio
Rui Zink
Jorge Campos
Lançamento do CD-ROM A História do Cinema de Animação em Portugal
22 de Dezembro de 2001
Casa das Artes
Participantes:
António Gaio
Jorge Campos
Simpósio Arte & Animação
Casa da Animação
De 15 Novembro a 10 Dezembro de 2001
Casa das Artes e Rivoli Teatro Municipal
Evento comissariado por Jayne Pilling.
Muitas vezes se tem dito que a Animação é a combinação das outras Artes, o casamento da Imagem – Desenho, Pintura, Fotografia, entre outras– com o Som – Música, Voz ou Efeitos – sob a forma de representação dramática.
Este Simpósio pretendeu evidenciar as fascinantes pontes que se podem estabelecer entre a Animação e as outras formas de Arte – através de uma mostra de Curtas Metragens de Animação (que espelham esta realidade), uma Exposição e um Simpósio Internacional no qual Críticos e Teóricos da Arte e do Cinema, Artistas e Realizadores foram convidados a apresentar e debater os seus trabalhos dentro deste contexto, envolvendo e dialogando com a audiência.
Exposição
De 15 de Novembro a 10 de Dezembro de 2001
Casa das Artes
A maior parte dos Realizadores de Animação tem uma formação em Belas Artes e é evidente o prazer e entusiasmo que sentem por dar vida às imagens. Aliás, entre a Animação e a Arte Moderna existiu sempre uma relação de intimidade, tanto em termos históricos como contemporâneos. Nesta exposição estiveram presentes obras de Lejf Marcussen, Florence Miailhe, Erica Russell, Gianluigi Toccafondo, e um ensaio fotográfico sobre Alexandre Alexeieff.
Performances
Dia 22, 23 e 24 de Novembro de 2001
Casa das Artes e Rivoli Teatro Municipal – Café Concerto
Muitos Animadores e Realizadores acabaram por se envolver com outras formas de Arte, elevando o cinema de animação a novas dimensões: Pierre Hébert improvisou um filme de animação gravando directamente na película, contando com a colaboração de Carlos Bica, músico de jazz Português; a animadora que se tornou bailarina, Kathy Rose, desenvolveu alguns excertos das suas coreografias interagindo com projecções dos seus filmes de animação; Paul de Nooijer, um aclamado fotógrafo Holandês, e Menno de Nooijer (seu filho), que passaram da imagem fixa para as imagens em movimento e realizam filmes e em conjunto, fizeram um espectáculo de artes performativas.
Ciclo de Conferências
De 22 a 24 de Novembro de 2001
Casa das Artes
Ao longo das conferências foram debatidos os trabalhos em exposição, bem como as performances, incluindo ainda apresentações de Críticos e Teóricos da Arte e do Cinema sobre as noções de Performance, Animação, Pré-História do Cinema; as relações entre a Escultura, o Espaço Tridimensional e a Animação; noções de Arte Absoluta; Fotografia, Dança e Movimento; Surrealismo; Linha, Cor e Forma na Arte e na Animação. Para apresentar e discutir estes assuntos estiveram presentes: Marina Estela Graça, Portugal (Professora na Universidade do Algarve, escreve sobre a Estética da Animação e acaba de realizar o seu primeiro filme de Animação: Interstícios), Pierre Hébert, Canadá (Realizador e um fascinante Pensador e Teórico da Animação), Solveig von Kleist, Alemanha (Realizadora, Pintora), Paul & Menno de Nooijer, Holanda (Paul é um Fotógrafo reconhecido internacionalmente que evoluiu de um trabalho comercial para uma forma extremamente pessoal de realização e que agora trabalha muitas vezes em colaboração com o seu filho Menno), Lejf Marcussen, Dinamarca (Realizador), Florence Miailhe, França (Realizadora, chegou à Animação a partir do seu trabalho de Pintura), Mike O’Pray, Reino Unido (Crítico, escreve sobre Arte, Cinema e História), Regina Pessoa, Portugal (Realizadora), Pedro Serrazina, Portugal (Realizador e Professor), José Miguel Ribeiro, Portugal (Realizador), Kathy Rose, EUA (Coreógrafa, Bailarina e Realizadora); Erica Russell, Reino Unido (Realizadora), Dominique Willoughby, França (Realizador e Professor), Kirsten Winter, Alemanha (Realizadora, Professora no Colégio Superior de Educação de Hanover).
Workshop de Pintura Animada
De 26 a 30 de Novembro de 2001
Casa Tait
Para além de participar nas apresentações do simpósio e de expor as suas obras, Florence Miailhe orientou ainda um workshop sobre a técnica que tem desenvolvido nos seus filmes – a Pintura a pastel animada directamente sob a câmara. Este workshop, de 40 horas, dirigiu-se essencialmente a Animadores e a estudantes das Escolas de Arte, Audiovisuais e Tecnologias da Comunicação com conhecimentos ao nível da Animação. As inscrições foram limitadas a doze participantes.
Mostra de Curtas Metragens de Animação
De 19 Novembro a 2 de Dezembro de 2001
Casa das Artes
Filmes Apresentados:
I. Programa Dança
Norman McLaren disse um dia “A coisa mais importante no Cinema de Animação é o Movimento. Não importa se estamos a mexer pessoas ou desenhos e também não importa de que forma o estamos a fazer, é sempre uma forma de Dança”.
Filmes e técnicas de animação inspirados ou representando a Dança.
Subida, de Kunyi Chen
Ere Méla Méla, de Daniel Wiroth
Belize Tropicana, de Sue Young
Bolero, de Mario Cavalli
Joie de Vivre, de Hoppin & Gross
La Pista, de Gianluigi Toccafondo & Simona Mulazzani
Pas de Deux, de Norman McLaren
Feet of Song, de Erica Russell
Au Premier Dimanche d’Août, de Florence Miailhe
Triangle, de Erica Russell
II. Programa Reconheces esta Imagem? Arte & Animação
Conjunto de filmes relacionados, mais ou menos directamente, com as correntes artísticas, momentos e acontecimentos da História da Arte e com a Iconografia Histórica, tais como a Anunciação e a Natividade.
Heavy Stock, de Michael Slackened
The Public Voice, de Lejf Marcussen
The Secret Joy of Falling Angels, de Simon Pummell
Still Life With Small Cup, de Paul Bush
Leonardo’s Diary, de Jan Svankmajer
The Nativity, de Mikhail Aldashin
Dimensions of Dialogue, de Jan Svankmajer
III. Programa Música
Norman Mclaren disse um dia que se alguém fosse sensível à música e também tivesse talento artístico era mais do provável que viesse a interessar-se pela Animação.
Esta selecção ecléctica de filmes mostrou diversas experiências desde a “música visual” e a abstracção ao mais tradicional dos desenhos animados, incluindo a colaboração de McLaren com o músico de jazz Oscar Peterson.
Lederkonkurrenz, de Lejf Marcussen
Tonespor, de Lejf Marcussen
Do Nothing Till You Hear From Me, de Pernilla Hindesfelt & Jonas Dahlbeck
Seaside Woman, de Oscar Grillo
Impromptu in a Minor, de Andrew Higgins
Slapstick, de Clive Walley
Amore Baciame, de Oliver Harrison
Winds and Changes, de Clive Walley
Nuit sur le Mont-Chauve, de Alexandre Alexeieff & Claire Parker
Mondlicht, de Barbel Neubauer
Clocks, de Kirstin Winters
Feurhaus, de Barbel Neubauer
Begone Dull Care, de Norman McLaren/Evelyn Lambart
My Babe Just Cares for Me, de Peter Lord
IV. Programa Linha, Pintura e Câmara
Um programa de filmes representando os aspectos gráficos da linha, pintura, pintura baseada em imagens reais manipuladas, pixilação e fotografias, trabalhos a pastel e lápis animados directamente sob a câmara.
Décadrages, de Vincent Brigode
The Cow, de Alexandre Petrov
Stressed, de Karen Kelly
Pinocchio, de Gianluigi Toccafondo
At One View, de Paul de Nooijer
Hammam, de Florence Miailhe
L’Année du Daim, de Georges Schwitzgebel
Le Criminel, de Gianluigi Toccafondo
Die Kreuzung, de Raimund Krumme
V. Programa Juvenil
Um programa organizado a pensar numa audiência infantil, dedicado especialmente às escolas. Filmes sem diálogos escolhidos dentro de todos os programas deste simpósio (Dança; Arte & Animação; Música; Linha, Pintura e Câmara).
La Pista, de Gianluigi Toccafondo & Simona Mulazzani
Au Premier Dimanche d’août, de Florence Miailhe
Do nothing til you hear from me, de Pernilla Hindesfelt & Jonas Dahlbeck
L’Année du Daim, de Georges Schwitzgebel
Subida, de Kunyi Chen
The Nativity, de Mikhail Aldashin
Die Kreuzung, de Raimund Krumme
Programa Itinerante
Compilação de oito curtas metragens de animação para itinerância durante dois anos pelo país.
Nuit sur le Mont-Chauve, de Alexandre Alexeieff & Claire Parker
Triangle, de Erica Russell
Die Kreuzung, de Raimund Krumme
L’Année du Daim, de Georges Schwitzgebel
Pinocchio, de Gianluigi Toccafondo
At One View, de Paul de Nooijer
Hammam, de Florence Miailhe
Still Life With Small Cup, de Paul Bush
Participantes:
Jayne Pilling
Marina Estela Graça
Pierre Hébert
Carlos Bica
Solveig von Kleist
Paul de Nooijer
Menno de Nooijer
Lejf Marcussen
Florence Miailhe
Mike O’Pray
Regina Pessoa
Pedro Serrazina
José Miguel Ribeiro
Kathy Rose
Erica Russell
Dominique Willoughby
Kirsten Winter
Workshop Problemas de Direito de Autor na Europa Comunitária
De 26 a 29 Novembro de 2001
Escola Superior Artística do Porto
No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto
Conteúdo Programático:
A obra Audiovisual como obra protegida pela Legislação de Propriedade Intelectual;
Os Autores;
A Empresa de Produção;
O Produtor Audiovisual;
Os Actores e Interpretes;
Teoria geral dos Contratos.
Formador:
Cayetana Mulero
Workshop O Som para Cinema e Audiovisual
De 3 a 7 de Dezembro de 2001
Escola Superior Artística do Porto
No âmbito do protocolo assinado com a ESAP – Escola Superior Artística do Porto
Formador:
Bento Galante
Lançamento do Site Memórias do Trabalho
Projecto aprovado articulado com o Museu da Pessoa.
Universidade Popular do Porto
15 de Dezembro de 2001
Pós-Graduação Documentário: o Desafio do Real
Ano Lectivo 2001/2000
Faculdade de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto
Na sequência da oferta da Licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação a Universidade do Porto cria uma pós-graduação na área da Comunicação Audiovisual – Curso de Pós-Graduação Documentário: o desafio do real.
O novo curso tem como base o protocolo assinado pelas Faculdades de Letras, Engenharia, Belas-Artes e Economia e pretende articular uma formação em Ciências, Ciências Sociais, Ciências da Comunicação com uma formação tecnológica e artística. Propõe uma abordagem interdisciplinar com contributos das Ciências Sociais e da Comunicação, da Engenharia, das Ciências Exactas e das Artes. Desenvolve, também, parcerias com universidades estrangeiras, nomeadamente com a Universidade de Santiago de Compostela.
O Curso de Pós-Graduação O Documentário: o Desafio do Real é promovido pelo Curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação. Tem como principal objectivo a criação de uma especialização no documentário, uma modalidade discursiva em crescimento exponencial que urge promover em Portugal tendo em vista a sua projecção e visibilidade enquanto país produtor de bens simbólicos. Em função da segmentação televisiva, com a multiplicação de canais temáticos e especializados, o documentário, desde que corresponda a critérios de excelência do discurso, é um género que para além de viajar bem pode ser produzido com meios relativamente reduzidos, nomeadamente a partir de unidades de produção instaladas nas próprias universidades.
A Pós–Graduação associa uma componente teórica de reflexão analítica e crítica que interpela a sociedade, numa perspectiva sincrónica e diacrónica, apontando para a elaboração de projectos posteriormente disponíveis para concurso em termos da obtenção de financiamentos que possibilitem a sua concretização.
Objectivos do curso
Pensar o documentário
Fazer o documentário
Distribuir / Exibir o documentário
Componente teórica
História e Teoria do Documentário
45 horas / 3UC-12ECTS
Guião e Realização
30 horas / 2 C-8ECTS.
Produção
30 horas / 2 C-8ECTS.
Componente teórico prática
Odisseia nas Imagens
110 Horas / 5UC-20ECTS
Distribuição, Exibição e Direitos de Autor
22 Horas / 1 C-4ECTS
Odisseia nas Imagens
A componente teórico prática está articulada em torno do Festival Odisseia nas Imagens. Uma vez que nele participam alguns dos maiores especialistas da actualidade, ao mesmo tempo que se perspectiva a exibição de um notável conjunto de filmes documentais, o curso beneficia desta conjuntura excepcional e integra uma parte significativa do Festival. Fazem assim parte desta componente, nomeadamente: Retrospectiva de cinema documental e exposições de fotografia de William Klein, bem como a sua masterclass. Klein é não só um dos maiores fotógrafos do mundo, mas também um documentarista autor de vários filmes de culto como Muhamad Ali, the Greatest e Hollywood, a Loosers’ Opera. Masterclasses, entre outros, de: Nina Rosenblum, uma das grandes cineastas da América que projectará alguns dos seus principais filmes, nomeadamente o premiado Through the Wire; Javier Rioyo, um dos mais importantes documentaristas espanhóis cujo filme Asaltar los Cielos tem sido aclamado em todo o mundo; Brian Winston, jornalista, documentarista e professor universitário, um dos especialistas mais controversos da área do Cinema Documental, autor de diversas obras entra as quais Media: History and Technology considerado o melhor livro nos Estados Unidos em 1999; Albert Maysles, talvez a figura mais representativa do Cinema Directo e autor de documentários sobre numerosos artistas da Pop Rock, nomeadamente os Beatles e os Rolling Stones; Llorenç Soler, documentarista e professor universitário autor de uma vastíssima bibliografia no campo dos media e autor de filmes como Um Repórter no Inferno. A par das masterclasses, faz igualmente parte do curso o visionamento e análise de dezenas de obras, em rigor alguns dos melhores filmes alguma vez feitos. Assim, no sector competitivo do Festival estão a concurso a maioria dos filmes aos quais foram atribuídos grandes prémios nos principais festivais internacionais dos anos 2000/2001 o que dá uma visão global ímpar da melhor produção da actualidade. O ciclo O Olhar de Ulisses, por outro lado, proporciona o acesso aos grandes clássicos em sessões comentadas por realizadores, especialistas e críticos como José Manuel Costa, Gérard Collas, Olivier Smoulders, Pedro Costa, etc. Há ainda toda um segmento multimédia, onde se questionam as novas linguagens, bem como experiências relacionadas com a música e cinema no quadro de filmes-concerto e fórums para discussão sobre a centralidade da imagem no mundo contemporâneo e sobre a situação do documentário em todo o mundo. Toda esta componente será tutorada e objecto de avaliação. O calendário com as actividades elencadas no âmbito da Odisseia nas Imagens será atempadamente disponibilizado. Em todo o caso, este módulo tem carácter intensivo e implica disponibilidade de tempo no período compreendido entre 21 de Outubro e 3 de Novembro.
Condições de abertura do Curso:
Número mínimo de candidatos inscritos: 20
Número máximo de candidatos admitidos: 25
Condições de acesso ao Curso:
Licenciados ou com habilitação legalmente equivalente; profissionais mediante a apresentação de currículo; estudantes finalistas de cursos de Jornalismo, Cinema e de Imagem e Som.
Critérios de Selecção:
Currículo Profissional
Currículo Académico
Currículo Científico
Entrevista
Duração 1 Semestre
Início previsto 19 de Outubro de 2001
Horário:
Intensivo e de ocupação integral de 19 de Outubro a 4 de Novembro. Pós-laboral centrado em dois ou três dias da semana, incluindo o Sábado, a partir de 5 de Novembro.
Local de funcionamento:
Odisseia nas Imagens (vários espaços da Programação)
Escola Superior de Jornalismo
Av. da Boavista 3067
4100 -136 Porto
Telefone 226172136 / 226172238
Fax 226103897
Informações, inscrições e candidatura:
Prazo de Candidatura: 15 Setembro a 15 de Outubro de 2001
Secretariado das Pós-graduações
Escola Superior de Jornalismo
Av. da Boavista 3067
4100 - 136 Porto
Telefone 226172136 / 226172238
Fax 226103897
Selecção dos candidatos:
6 – 13 de Outubro
Publicação dos resultados
14 de Outubro
Matrícula:
15 a 18 de Outubro de 2001
Serviços Académicos da FLUP – Pós-Graduações
Via Panorâmica s/n - 4100 Porto
D. Maria José Ferreira
Telefone 22607715
flsa@letras.up.pt
Seminário O Documentário
Ano Lectivo de 2001/2002
Curso de Imagem e Som da Universidade Católica Portuguesa do Porto
Em função da programação da Odisseia nas Imagens foi organizado, integrado no plano curricular do Curso de Imagem e Som da Universidade Católica do Porto, um seminário durante o qual se discutiram as vias do documentário, bem como a possibilidade da sua produção na cidade do Porto.
Orientação: Jorge Campos
(Continua)
ANEXO I
ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (1)
«Cinema de grande qualidade e de grande espectáculo», foram as palavras utilizadas por Jorge Campos e Dario Oliveira, responsáveis pelo Departamento de Cinema e Audiovisuais da Sociedade Porto 2001 S.A. – Capital Europeia da Cultura, para definir o quarto e derradeiro módulo da «Odisseia nas Imagens» que no sábado tem início no Porto.
A iniciativa decorrerá em simultâneo distribuída por 16 espaços diferentes da cidade e constitui o «mais inovador festival» do seu género jamais realizado no nosso país. «Recomendamos que tirem férias durante duas semanas para poderem dedicar-se à Odisseia nas Imagens», disse Dario Oliveira, para sublinhar como o público estará perante «uma selecção única no primeiro festival organizado em Portugal que concentra e distribui de um modo racional um olhar sobre aquilo que é hoje em dia o panorama do audiovisual europeu e não só».
O festival será aberto pela performance de DJ Spooky «Birth of a Nation» inserida no ciclo «Como Salvar o Capitalismo» uma designação «irónica, provocatória e que resume o objectivo de reflectir como perante a aparente derrocada do mundo tal como o fomos conhecendo ao longo do último século, apenas parece restar uma coisa, o capitalismo», disse Jorge Campos. A actuação de DJ Spooky está prevista para a noite de sábado para domingo (20 para 21 de Outubro) pelas 24 horas no «Espaço Odisseia Media Lounge», na Rua Capitão Romero, nº 1, ao lado Museu do Carro Eléctrico.
O encerramento protocolar consistirá na imposição de uma Comenda à actriz Claudia Cardinale pelo Presidente da República. A sessão decorrerá na noite de 2 de Novembro, no Grande Auditório do Teatro Rivoli, onde será igualmente projectado «O Leopardo» de Visconti, considerado por Jorge Sampaio como o filme da sua vida.
Entre os participantes contar-se-ão ao longo do evento, para além da actriz italiana, diversas personalidades nacionais e estrangeiras ligadas ao cinema, mas não só. Durante as duas semanas da sua duração, estarão na «Odisseia nas Imagens 4.0» o fotógrafo e cineasta William Klein, (a quem é dedicada uma retrospectiva da sua obra de documentário), bem como o documentarista e analista dos media Brian Winston, ou ainda nomes relevantes do panorama cinematográfico e documentarístico internacional como Amir Labaki, Nina Rosenblum, Javier Rioyo, Llorenç Soller, Irit Batsry ou Joachim Sauter.
Presente para uma conferência intitulada «Propagandas Silenciosas» estará também o director do «Le Monde Diplomatique», Ignacio Ramonet. A sua participação inscreve-se no bloco intitulado «O Choque das Imagens», durante o qual serão projectados quatro documentários de grande impacto, «Turbulences» e «L’ Âge de la Performance» de Carole Poliquin e «Koyaanisqatsi» e «Powaqqatsy» de Godfrey Reggio.
O festival associa a exibição e o debate dos «caminhos do futuro do cinema com a noção do cinema de autor». A organização sublinha, neste último registo , a apresentação de «numerosos filmes de grande qualidade», desginadamente os integrados no quarto e último andamento de «O Olhar de Ulisses», intitulado «Resistência». A designação decorre do conceito central que preside à selecção de alguns dos grandes filmes da história do cinema, a saber, a ideia de reconstituir redes de relação e leitura entre os filmes de referência e as obras contemporâneas «que teimam em respeitar quem as vê». Fellini, Godard, Kurosawa, Boris Barnet, Nicholas Ray, Robert Bresson, ou os portugueses Pedro Costa e João César Monteiro, incluem-se entre os realizadores seleccionados para este ciclo realizado em contraciclo relativamente ao cinema dominante que desenvolveu a tendência para se tornar num jogo de vídeo, com o “visual” a tomar o lugar da “imagem”», segundo os seus organizadores.
ANEXO 2
ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (2)
Explorar os limites do documentário é um dos objectivos da competição do I Festival do Documentário e Novos Media do Porto, uma das iniciativas do quarto e último bloco da «Odisseia nas Imagens» esta manhã apresentado oficialmente em conferência de imprensa pelos responsáveis pelo Departamento de Cinema e Audiovisuais da Sociedade Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.
Jorge Campos, responsável pela estrutura da programação, inscreveu o Festival e a sua secção competitiva no âmbito das «opções estratégicas» da Porto 2001 nesta área: «o documentário, o cinema de animação e as curtas metragens», salientando-se, nesta primeira edição, a «massiva inscrição de filmes portugueses».
Também a competição dedicada às escolas e resultante da colaboração iniciada há dois anos com instituições universitárias da cidade e da Galiza, no âmbito da «Odisseia nas Imagens», produziu resultados assinaláveis, com a afluência de mais de 80 obras, para um total inicialmente previsto de apenas 50. Estes originais encontram-se, neste momento, em fase de pré-selecção.
A competição profissional é aberta por «The Sea that Thinks», de Gert de Graaff, um documentário holandês recém-galardoado em Amesterdão com o Grande Prémio daquele que é provavelmente o mais importante festival dedicado ao documentário em todo o mundo. A par de grandes nomes do documentário internacional como Sokurov, Barbara Kopple, Chris Hegedus ou Gianikian / Ricci-Lucchi, assinalam os organizadores, será possível «partir à descoberta de autores nacionais e estrangeiros cujas primeiras obras criam fundadas expectativas.
Múltiplos temas serão equacionados pelos filmes em concurso, desde o estereótipo do negro nas telenovelas brasileiras, com «A Negação do Brasil», de Joel Zito Araújo, até «The Last Yugoslavian Football Team», de Vuk Janic,«uma metáfora da desagregação deste país» balcânico, passando por olhares à margem dos estereótipos predominantes sobre a História Contemporânea, como o lançado pelo documentarista espanhol Javier Rioyo, com «Extranjeros de Si Mismos».
Destacados na conferência de imprensa de hoje, dois outros filmes ilustram a qualidade e a diversidade do certame: «My Generation» de Barbara Kopple, cineasta dos Estados Unidos, considerada como uma das grandes documentaristas do nosso tempo, que nos revela, através das três edições do mítico festival de música de Woodstock , um «retrato negro e impiedoso da cultura norte americana dos últimos 40 anos»; e «Startup.com», de Chris Hegedus e Jeane Noujain, um filme que reflecte a revolução empresarial na Internet, num cenário bem mais perturbador do que aquele que os mais optimistas poderiam supor.
Num Festival «que se pretende do noroeste da Península Ibérica», apontou Jorge Campos, «é natural que exista uma grande presença portuguesa e espanhola». Esta primeira edição deve, aliás, estruturar os conteúdos futuros do Festival. E a sua importância reside no facto de «por toda a União Europeia, os festivais serem actualmente algo de estruturante na definição da política audiovisual». Pelo que os conteúdos do certame são encarados não apenas pelo seu valor facial de exibição nesta primeira edição, mas também pelo peso que irão ter na definição do que poderá vir a ser a produção cinematográfica nas áreas do documentário e da curta metragem da região norte de Portugal e da Península.
Pedro Costa, Inês de Medeiros (com a estreia absoluta do seu ««O Fato Completo, ou à Procura de Alberto»), Regina Guimarães e Saguenail, Catarina Alves Costa, Susana Sousa Dias e José Filipe Costa, são cineastas portugueses representados num festival presidido por um júri internacional de grande prestígio, constituído por Nina Rosenblum (EUA), Diego Mas Trelles (Argentina) e Amir Labaki (Brasil). A competição decorre no auditório da Casa das Artes, entre 26 de Outubro e 2 de Novembro.
ANEXO 3
ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (3)
Um dos pontos fortes da «Odisseia nas Imagens 4.0», último módulo da programação de cinema e audiovisual da Sociedade Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, consiste na prospecção dos caminhos do futuro do cinema. A esta vertente é dedicado um conjunto de iniciativas agrupadas sob a designação genérica de «Outras Paisagens» onde «se mostrarão coisas arredadas do conceito normal de Festival de cinema», conforme definiu Dario Oliveira, um dos responsáveis pela programação, durante a conferência de imprensa destinada a apresentar o Festival, que esta manhã teve lugar na cidade do Porto.
Um conjunto de performances, instalações e apresentações de trabalhos e projectos de DJ’s e VJ’s nacionais e internacionais abre pistas para «explorar as novas modalidades de interpelação das imagens e dos moldes em que a gramática dos novos media nos interpela a nós», definiram os responsáveis pela iniciativa.
«To Leave and to Take» uma vídeo-instalação da autoria de Irit Batsry, com inauguração a 20 de Outubro pelas 18H00 nas Moagens Harmonia foi um dos exemplos fornecidos por Dario Oliveira, que designou o trabalho da cineasta como «uma experiência sensorial (e não só) de grande realce. Trata-se de uma “escultura” tridimensional inesquecível – prosseguiu Dario Oliveira- que mobiliza recursos tão diversos quanto a projecção vídeo, o uso da luz, do som e de três toneladas de arroz».
No âmbito de «Outras Paisagens» destaca-se a abertura de um espaço especial que funcionará todas as noites até às quatro horas da madrugada, acolhendo os projectos de DJ’s e VJ’s portugueses e internacionais. É um espaço mais orientado para as camadas jovens, do qual se espera, todavia, que possa «constituir o verdadeiro clube de cinema deste festival, um lugar onde se fale de cinema de uma maneira mais informal», disse Dario Oliveira. O «Espaço Odisseia – Media Lounge» situa-se no número 1 da Rua Capitão Romero, ao lado do Museu do Carro Eléctrico.
A organização destaca, nesta área particular, a colaboração empreendida com o «Transmediale», equivalente do «Media Lounge» no Festival de Cinema de Berlim, cujos mais destacados projectos estarão agora no Porto e também a cooperação desenvolvida com a revista norte-americana «RES», dedicada à cobertura do cinema documental especialmente na sua versão digital, cuja circulação ultrapassou já os Estados Unidos, para se ampliar progressivamente no âmbito europeu.
«Outras Paisagens» ilustrará, em resumo, aquilo que os responsáveis do cinema e audiovisual do Porto 2001 consideram ser a «segunda revolução no cinema desde o sonoro», representada pelo «uso noutros contextos das imagens em movimento, não narrativas, e que vão desde o mais lúdico ao mais experimental», aqui representados por três convidados portugueses e sete internacionais, cujos projectos serão apresentados ao longo das duas semanas do Festival em diversos pontos da cidade.
ANEXO 4
ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (4)
Um conjunto de grandes filmes, alguns dos quais clássicos do mudo que inspiraram bandas sonoras originais compostas por encomenda da Sociedade Porto 2001 a compositores portugueses, que executarão ao vivo as suas obras durante as projecções, e ainda algumas ante-estreias e estreias absolutas no nosso país, compõem a ementa dos «Eventos Especiais» do último módulo da «Odisseia nas Imagens», I Festival Internacional do Documentário e Novos Media do Porto. Entre estes acontecimentos, salienta-se a presença de William Klein, personagem mítica do mundo da fotografia e do documentário.
William Klein que na tarde de 25 de Outubro proferirá na Casa das Artes uma masterclass no âmbito da sua participação na «Odisseia nas Imagens 4.0» é já considerado como «a figura do Festival». Ao seu trabalho será dedicada uma retrospectiva incluindo toda a sua obra documental, que decorrerá na Casa das Artes entre 21 e 25 de Outubro, com projecções alternadamente às 18H30 e às 22H00, além de três exposições consagradas à sua obra fotográfica: «William Klein, irónico e devorador» (FNAC Santa Catarina de 20 de Outubro a 5 de Janeiro); «Mode in and Out» (entre as mesmas datas, mas na FNAC Norte Shopping – Foyer) e, por fim, na mesma loja mas, desta feita, na Galeria, com as mesmas datas, «William Klein – uma exposição de fotografias».
O último filme de Klein «o contestatário radical cujo glamour produz o efeito contrário ao que ele próprio pretende, detalhe que tem muito a ver com o próprio capitalismo», na definição de Jorge Campos, do Departamento de Cinema e Audiovisuais da Porto 2001, uma singularíssima leitura da oratória de Haendel, «Messias», será exibido em estreia em sala no nosso país, no Grande Auditório do Rivoli, pelas 22 horas do dia 22 de Outubro.
Uma estreia absoluta em Portugal é a película de João Botelho «Quem és tu», recentemente premiado em Itália e que consiste, basicamente, numa tradução cinematográfica contemporânea da pergunta chave de «Frei Luís de Sousa», de Garret. A sessão realiza-se a 29 de Outubro, às 22 horas, também no Grande Auditório do Rivoli.
Entre os filmes-concerto, contam-se «Life and Death of 9413: a Hollywood Extra» de Robert Florey, (1928), «Regen» de Joris Ivens, (1929) e «Un Chien Andalou» de Luis Buñuel (1929), a apresentar a 23 de Outubro, pelas 22 horas, no Auditório de Serralves, com música ao vivo do «Remix Ensemble» da Casa da Música. Sete dias depois, a 30 de Outubro, à mesma hora, mas no Grande Auditório do Rivoli será a vez de «Nosferatu» de Friedrich W. Murnau, (1922) exibido com música ao vivo dos «Clã». E, no dia seguinte, a 31 de Outubro, também pelas 22 horas, será a vez de «The Navigator» de Buster Keaton (1924) a ser projectado, desta feita com música do compositor Carlos Bica. «A Greve» de Eisenstein», musicado pelo compositor de jazz Pedro Guedes, será exibida a 3 de Novembro pelas 22 horas no Grande Auditório do Rivoli, coincidindo com a cerimónia de entrega dos prémios de Competição do Festival e o encerramento do ciclo Como Salvar o Capitalismo.
Outro dos destaques, vai para a abertura do último acto de «O Olhar de Ulisses», um ciclo intitulado «Resistência», a 26 de Outubro no Grande Auditório do Teatro Rivoli, com a exibição de «A Ilha das Flores» de Jorge Frutado e de «Dode’s Kaden», de Akira Kurosawa, uma obra central na filmografia do cineasta nipónico. Também particularmente recomendado pela organização é o documentário «Crazy», uma viagem extraordinária pelas experiências de guerra dos soldados holandeses ao serviço da ONU em várias pontos do mundo, que combina as imagens dos próprios oficiais no teatro de guerra com a música e as canções que permaneceram associadas à sua memória desses conflitos. Um segundo desfile, de Puccini a Elvis, de Pergolezzi a Patsy Cline. Grande Auditório do Rivoli, 22horas, 28 de Outubro.
O documentário «What’s Happening: The Beatles in USA», à data proibido pelos quatro de Liverpool, depois de visionarem o resultado do trabalho de Albert Maysles, o “pai” do «direct cinema» americano e «Gimme Shelter» acerca de e com os Rolling Stones em tourné, constituíram duas experiências marcantes em torno da imagem e da verdade. Ambos serão exibidos no Grande Auditório do Rivoli, pelas 22 horas de 1 de Novembro, naquele que é tido como mais um dos pontos altos da programação.
ANEXO 5
ODISSEIA NAS IMAGENS 4.0: COMO SALVAR O CAPITALISMO/ OUTRAS PAISAGENS
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA (5)
A presença de um remarcável conjunto de individualidades do mundo académico e do cinema durante o I Festival Internacional do Documentário e Novos Media do Porto foi esta manhã anunciada em conferência de imprensa de apresentação do último módulo da «Odisseia nas Imagens», iniciativa do Departamento de Cinema e Audiovisual da Sociedade Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.
Especialistas em estudo dos media e documentaristas de renome mundial assegurarão uma série de master classes subordinada ao título genérico «Como Salvar o Documentário», durante a qual serão enunciadas as diversas correntes teóricas e de pensamento em torno da interpelação do real pelas imagens.
Directamente associada a esta temática, equacionam-se os problemas da manipulação das imagens em conferências como as de Javier Rioyo, um dos principais documentaristas espanhóis da actualidade, que intitula a sua alocução inicial com o sugestivo «A mentira da verdade». Llorenç Soler, autor de uma vasta obra publicada sobre a temática dos media e perito no estudo das questões associadas à manipulação subordina a sua master class ao título «Do Homo Sapiens ao Homo Zappiens». Enquanto o fundador do Festival «É Tudo Verdade», do Rio de Janeiro e São Paulo, Emir Labaki falará sobre o «Cinéma Verité», o o utro lado da América será o objecto da conferência de Nina Rosenblum «All that is invisible must be made visible, else we perish in torture». A cineasta é uma das mais importantes documentaristas contemporâneas dos Estados Unidos.
O académico britânico Brian Winston, um dos mais controversos analistas dos media, da actualidade, dissecará, por seu lado, o dispositivo e as rotinas produtivas da Televisão enquanto factor de corrupção do género documental, numa masterclass que intitulou expressivamente: «Lies, Damn Lies & Documentaries». Todas estas sessões decorrerão durante a tarde, a partir das 14H30, nos auditórios da Casa das Artes, entre 26 de Outubro e 1 de Novembro, com entrada gratuita, mas sujeita à lotação das salas.
A todas estas, junta-se, no âmbito dos eventos especiais, a master class a proferir por William Klein, uma figura mítica do mundo da fotografia e do cinema, dia 25 de Outubro, pelas 16 horas, também na Casa das Artes, sessão durante a qual serão projectados dois filmes do realizador norte-americano residente em Paris: «Contacts», 1983 e «Hollywood California: a Loser’s Opera» (1977).
Todo este trabalho de teorização e discussão visa debater um dos tópicos fundamentais que presidem à realização e ao conceito de todo o Festival: «a defesa de determinado tipo de obra que é o olhar do documentário, contra a banalização da imagem pela fragmentária vulgata televisiva que hoje impera», definiu Joge Campos, um dos responsáveis pela iniciativa, durante a conferência de imprensa.
Em paralelo, desenvolver-se-á também na Casa das Artes, a 27 e 28 de Outubro e, posteriormente, a 8 de Novembro, um segundo bloco de discussão, organizado em colaboração com «Le Monde Diplomatique», sob o tema genérico «O Choque das Imagens». Paineis de individualidades nacionais e estrangeiras debaterão as «imagens Globais», os «Equilíbrios Instáveis» e as «Propagandas Silenciosas», título do mais recente livro do director do «Diplô», Ignacio Ramonet, que estará presente a 8 de Novembro, neste último debate, na Biblioteca Almeida Garret .
Os problemas da imagem e dos media estarão também patentes, embora noutro registo, numa exposição com uma selecção do melhor fotojornalismo dos últimos 15 anos premiado no Festival «Scoop» de Angers: um duro conjunto de fotografias que nos confronta com o mundo em que vivemos, intitulado «Imagens de Choque» e que estará patente ao público entre 21 de Outubro e 12 de Novembro no Foyer da loja FNAC no Norte Shopping.