À Procura de um Fado

Foto de Olívia da Silva

Este pequeno filme chama-se À Procura de um Fado e é uma homenagem a Francisco de Vasconcelos, poeta e fundador do Grupo Serenata de Coimbra. A ideia partiu do Grupo de Fados do ISEP, umas das escolas do IPP, cujo maior entusiasta era um jovem de nome Filipe Pinheiro, um tipo estupendo de quem fiquei amigo. Na altura, em 2009, eu estava no Departamento de Artes da Imagem da ESMAE, outra escola do IPP, e decidimos fazer o filme com os meios próprios disponíveis.

Rodado e fotografado em apenas um dia - utilizei imagens em movimento e as sempre magníficas imagens fixas da minha colega e amiga Olívia da Silva - À Procura de um Fado permitiu-me conhecer Francisco de Vasconcelos e a mulher, um casal maravilhoso. Só por isso já teria valido o esforço. Mas permitiu-me também ficar a conhecer melhor um determinado imaginário e lidar com um grupo de jovens fantásticos ligados a uma tradição académica à qual eu nunca antes prestara grande atenção, salvo tratando-se do Zeca e do Adriano. Estes estavam, afinal, na mesma linha.

Nunca mais vi o filme, salvo quando não há muito tive notícia do falecimento de Francisco de Vasconcelos e me lembrei então de o ter disponibilizado ao Lugar do Real.

Quem quiser pode vê-lo aqui.

História da indústria portuguesa 2 - Idade Média

Fico muito satisfeito por ver agora que a série documental que fiz para a RTP sobre a Indústria em Portugal teve e continua a ter alguma utilidade, designadamente no ensino secundário e na atividade pedagógica do 10º e 11º anos. Não sabia. A série foi para o ar pela primeira vez há 20 anos. Depois, não voltei a pensar muito no assunto. Mas, quando há algumas semanas me deu para tratar dos meus arquivos e resolvi fazer uma visita mais criteriosa aos da RTP para tentar perceber o que por lá encontraria, tive algumas surpresas. Boas, por sinal, todavia, um pouco estranhas. Por exemplo, nunca ninguém me consultou sobre a sua reiterada utilização em vários domínios, como agora constato. Adiante.

Neste episódio sobre a Idade Média há coisas que me agradam - outras nem tanto, responsabilidade minha - e isso deve-se sobretudo à qualidade dos colaboradores com quem tive o privilégio de trabalhar, desde logo os professores Ferreira Rodrigues e Amado Mendes. Gosto especialmente das máquinas fantásticas que fomos desencantar, ainda em funcionamento ao tempo da rodagem, e, como tal, testemunho de como os ofícios, saberes e memórias perduram ao longo do tempo para se inscreverem no património material e imaterial comum. Quem quiser e estiver interessado pode ver aqui, na RTP Ensina.

Um português singular

Em tempos, houve na RTP um programa chamado O Lugar da História. Era, modo geral, muito interessante. Evocava figuras e episódios marcantes, recuperando a memória indispensável ao conhecimento de quem somos. Em 1998, fiz para O Lugar da História um documentário sobre alguém que não só era um dos meus escritores preferidos, mas também uma das figuras mais fascinantes do século XX português: Manuel Teixeira Gomes, o diplomata e Presidente da I República que um dia se fartou da mediocridade dos contemporâneos, fez as malas e partiu para não mais voltar em vida. Encontrei o filme agora nos arquivos da RTP.

Voltando a vê-lo ao cabo de vinte e tal anos, não me parece mal dentro daquele que era o estilo do programa, conjugando jornalismo e trabalho de criação. Dediquei-o à memória de David Mourão Ferreira, outro grande escritor com quem tive o privilégio de privar e que, pouco tempo antes de falecer, aceitara ser o narrador de um documentário que fiz sobre Miguel Torga. Também pude conhecer Urbano Tavares Rodrigues, uma pessoa encantadora, cujo pai tinha sido secretário de Teixeira Gomes e Victor Vladimiro Ferreira, conhecedor ao detalhe de tudo quanto dizia respeito ao antigo presidente. Quanto a Margarida Tengarrinha, ela sempre teve em Portimão uma relação próxima com a família do biografado e, por sinal, também faz parte da minha família. Os testemunhos de todos eles são preciosos.

Na ficha técnica elaborada pela RTP para os seus arquivos, da qual constam os nomes supra, por qualquer razão, não faz parte parte o do enorme ator João Paulo Costa que leu exemplarmente os textos de Teixeira Gomes. Mas não deve o João Paulo sentir-se melindrado porque o do autor do filme, ou seja, eu próprio, também não consta.

Caso queiram, podem ver o documentário aqui.