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CULTURA

Foto do escritorJorge Campos

Deus me mandou, entendeu? (2)

Atualizado: 30 de set. de 2022

Uma retrospetiva brasileira e sul-americana em jeito de BD

Uma gripezinha.

6 de Janeiro de 2020



isto era para ser uma acto heróico destinado a tornar-se viral pelos media sistémicos e pelas redes sociais. afinal, está a ser encarado como uma encenação burlesca por parte de alguém cuja máscara, definitivamente, caiu. Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela, finge forçar a entrada na Assembleia Nacional, em Caracas. lá dentro, correligionários seus apelidaram-no de traidor e uma nova maioria elegeu um novo presidente. sem apoios, numa altura em que os militares golpistas venezuelanos se puseram ao fresco, tratou, com meia dúzia de amigos, de fazer uma eleição fantoche do lado de fora. agora, além de ser o autoproclamado presidente da Venezuela é, também, o autoproclamado presidente da Assembleia Nacional da Venezuela. para que a farsa atinja proporções épicas só falta o reconhecimento da malta do costume.


Roberto Alvim, o secretário especial da cultura de Bolsonaro, apresentou o seu plano para as artes. foi claro. a arte brasileira será como a arte nazi. com o som da ópera romântica Lohengrin de Richard Wagner em fundo, Alvim citou literalmente Goebbels e proclamou que a arte brasileira será heróica, emotiva e imperativa. ou isso ou nada, disse ele. e acrescentou que vai “avançar na construção de uma nova e pujante civilização brasileira”. de notar: Wagner era o compositor preferido de Hitler e a sua música foi utilizada recorrentemente na propaganda nazi. entretanto, o youtube retirou o vídeo proclamatório de Alvim. porquê? a mando de quem?


9 de fevereiro de 2020



a história é como segue. adriano nóbrega, líder do grupo de extermínio Escritório do Crime, com ligações ao clã Bolsonaro, foi morto num confronto com a polícia, na Baía. o rapaz tinha sido excluído pelo ministro da Justiça Sérgio Moro da lista dos criminosos mais procurados do país. era uma das testemunhas-chave no caso do assassínio de Marielle Franco. trocando por miúdos: branco é, galinha o põe.


13 de março de 2020


este tipo fez pouco da ameaça do coronavírus e acusou tudo e todos de alarmismo. foi jantar com outro da mesma igualha nos Estados Unidos, o inenarrável Trump. Trump disse que o Bolso estava a fazer um fantastic job no Brasil. segundo os padrões fascistóides comuns a ambos, é verdade. quer um quer outro abominam os serviços públicos, estão rodeados de negacionistas das alterações climáticas, de terraplanistas alucinados, de evangélicos fanáticos, enfim, de gente cujo lugar só poderia ser num manicómio metida num colete de forças. pois o assessor de comunicação da comitiva americana do Bolso estava infectado. agora, pelos vistos, ele também está. uma vez que a saúde pública no Brasil está feita num caco, obviamente irá recorrer aos privados. igual sorte não terá a esmagadora maioria dos cidadãos brasileiros quando o vírus se generalizar. que fará Bolsonaro? deixa morrer? vai chamar os comunistas chineses? manda regressar os médicos cubanos?


21 de março de 2020


dias do coronavírus


como é possível fechar lugares de culto? eles são o refúgio das pessoas, porra! o pastor mora lá pra guiar seu rebanho. até cobra dízimo, né? e tudo por causa de uma chuvinha. eu te digo, esses governadores estão debochando da fé. você lembra aqueles que fizeram o impeachment da Dilma, como se chama... isso, os juristas? olha, o Hélio Bicudo já morreu. foi da chuvinha? não, não foi, era velho pra burro! os outros dois, o Miguel Reale e a Janaína Paschoal agora estão dizendo que eu sou maluco por causa da chuvinha... só dá pra rir. e aquele embaixador da China falando mal do meu filho? você acha que meu filho que é entendido de hamburger e fala inglês só de ouvir tem vírus mental? ponham uma capinha, porra! eu te digo, cara, o mundo está ficando um lugar perigoso!


21 abril de 2020



o que mais me chateia nestes dois cangalheiros nem são eles propriamente ditos. é claro que ambos são amorais, mentem sem freio, passam o tempo a inventar bodes expiatórios e são, obviamente, perigosíssimos. o que mais me chateia é o caldinho cultural que lhes permitiu chegar onde chegaram. eles querem tudo infetado. sobrevivam apenas os mais fortes e os mais ricos. morram os velhos e os pobres. proceda-se ao extermínio selectivo - ou melhor, "seleção natural" - que os velhos já não são produtivos e pobres a mais só servem para causar problemas. angustiante, no meio desta farsa trágica, é a imagem do rebanho sacrificial que os apoia, e até os idolatra, a caminho do matadouro.


24 de abril de 2020

o justiceiro Moro saiu à liça. o que disse há pouco em conferência de imprensa está a pôr o Brasil racional em estado de emergência. segundo ele, Bolsonaro, desde meados do ano passado, tem em curso uma cruzada contra a justiça para proteger os filhos de investigações por corrupção ou por atentados contra a democracia. qualquer pessoa normal, quando se fala em corrupção, pensa em milhões de reais a correr por fora. tratando-se de atentados, salta à vista o assassínio de Marielle Franco e as malfeitorias das milícias armadas da extrema-direita. dito isto, o que o justiceiro fez foi uma delação. em qualquer país civilizado, o ministério público, dadas as responsabilidades dos envolvidos, já estaria a desencadear os mecanismos do inquérito competente. como todos sabem, Moro condenou Lula sem provas, fazendo fé numa delação premiada. será que pretende agora beneficiar do mesmo estauto? a mim tanto se me dá. são dois trastes. se tiverem um triste destino comum, que façam boa companhia um ao outro. o que me deixa arrepiado é outra coisa: acabo de ver um estudo de opinião segundo o qual 52 por cento dos brasileiros acham que o capitão continua a ter condições para exercer o cargo.


24 abril de 2020



uma pena. um rapaz tão promissor da luta anti-corrupção selectiva salta fora por causa de uma hipotética investigação sobre umas massas transviadas por um dos filhotes do Bolso. uma "rachadinha", como se diz no Brasil. é verdade que a hiperatividade revelada na lava-jato sumiu a partir do momento em que a extrema-direita fez dele ministro como prémio dos bons serviços prestados. entrou em hibernação. como se subitamente o Brasil tomado por uma quadrilha de delinquentes se tivesse tornado um modelo de boas práticas. não sei se ele vai agora pastar uns tempos para Miami. duvido. mais provável é alguém ter-lhe dito estar o capitão acabado. uma questão de tempo. fique pois como reserva para salivar pelo ferrero rocher de um Ambrósio de fraque e botas cardadas.


23 de maio de 2020



animados pela truculência do Bolso, que acha que lhe querem f... a família e que quem está contra ele é uma cambada de fdp, vários membros do governo brasileiro saíram à estaca para vociferar mão pesada neles e toda a gente para a cadeia. em rigor, nada de novo, nem sequer a confirmação de que aquilo é um manicómio, algo há muito dado como adquirido. o que me deixa aterrado são as reacções nas redes sociais no Brasil. muitos acham que aquilo é apenas o estilo do Bolso, um homem sincero, só fala com o coração e, sim, é preciso armar as pessoas para se oporem a quem quer confinamento e acabar com a propaganda esquerdalha porque tudo é desinformação contra o presidente. bem sei que as sondagens dão um quebra acentuada de aprovação do governo sociopata. não serve de consolo. a democracia está no fio da navalha.

22 de maio de 2020

o homem que quer controlar a polícia federal para salvar os filhotes

a Globo News acaba de vazar a gravação da reunião ministerial a que o ex-ministro Sérgio Moro fez referência quando se demitiu ou foi demitido. o que lá se disse é do domínio da loucura. tão simples quanto isso. podem ver pela amostra. em qualquer país do mundo o governo já teria caído. mas, em relação ao Brasil, nunca se sabe. Moro é um traste, siamês de Bolso. nenhum deles faz falta. com ambos de quarentena, de preferência no mesmo espaço, os brasileiros estariam muito mais tranquilos.



17 de maio 2020


Bolsonaro entende que 70 por cento dos brasileiros ficarão infetados pela covid-19. não há nada a fazer, até porque a economia, diz, está primeiro. para ele há, no entanto, uma pandemia verdadeiramente preocupante. o pior dos vírus está na cultura. aí tem tomado precauções. já teve um secretário destacado para a função a parafrasear o ministro da propaganda nazi Joseph Goebbels e tem agora uma fascista demente de nome Regina Duarte a ocupar o cargo. esta gente é mesmo assim. quem julgar que se pode falar com eles, desiluda-se. a cultura é liberdade, criação e pensamento. a cartilha de Bolsonaro e dos seus bandidos é a de Milan Astray: morte à inteligência, viva a morte! é claro que ele nunca deve ter ouvido falar do general franquista. pouco importa. ouve falar de cultura e puxa logo da pistola. é o que conta.


1 de junho de 2020


um, Trump, diz que a culpa de tudo é dos chineses. o outro, Bolso, quer armar a população contra o vírus. o primeiro cortou relações com a organização mundial de saúde. o segundo ganhou gosto por bandeiras nazis ucranianas. o do norte quer os governadores com mão pesada sobre os manifestantes anti-racistas. o do sul quer mão pesada sobre os governadores que defendem o confinamento. ambos estão em queda livre. um escondeu-se num bunker. ao outro deu-lhe para andar a cavalo. à volta de ambos é o caos. entretanto, estando tudo a ferro e fogo, o primeiro enviou ao segundo dois milhões de doses de hidroxicloroquina. definitivamente, a casa comum destes rapazes é o manicómio.


8 de novembro de 2020


estão dizendo que o próximo é você...



Continua

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