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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 22 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Os Malditos (1969) de Luchino Visconti. Este é um dos tais filmes inevitáveis quando se trata de fazer uma reflexão sobre o fascismo a partir do cinema. Longe de ser consensual - Pasolini, por exemplo, não lhe poupou críticas - a verdade é que Os Malditos tem a impressão digital de um dos grandes autores do século XX, mestre da mise-en-scène, perfeccionista de uma magnificência operática. A génese do nazismo em meados dos anos 20, a sua escalada rumo ao poder absoluto, à guerra e ao horror, aparece aqui através da história da família aristocrática dos Essenbeck. É também a história do apoio dos grandes industriais e do grande capital a Hitler, com todo o cortejo de taras que se vai revelando à medida em que a decadência se agrava e se torna irreversível. Como pano de fundo, Visconti evoca episódios cuja insanidade viria a constituir-se como matriz da doença do nacional socialismo. Por exemplo, a famigerada noite das facas longas. Quando fez o filme, o autor disse que o fazia para as gerações futuras, para aqueles que não conheceram o nazismo. A aceitação, a passividade, a inconsciência e a incapacidade de lutar são os piores do males, disse também. Nesse sentido, Os Malditos são para ver, rever e pensar.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 21 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Verão Violento (1959) de Valerio Zurlini. Este filme extraordinário é a história de um amor impossível. Tudo se passa num momento crítico da história do fascismo italiano em 1943. O filme começa no momento em que o Duce convoca o seu gabinete e verifica assombrado que perdeu a confiança da maioria dos que lhe estavam mais próximos. A desastrosa aliança com os nazis, a guerra na União Soviética onde os italianos perderam 200 mil soldados, mais a questão das leis raciais e ainda o caos reinante levaram o caricato imperador Victor Emanuel a exigir a sua resignação. Aturdido, o ditador pôs-se em fuga e sujeitou-se a ser o chefe fantoche da República de Saló, no norte de Itália, criada pelos alemães. Nada disto é mostrado no filme de Zurlini, mas tudo isto lá está como pano de fundo sinalizado através de notícias da rádio e dos jornais. Um jovem, filho de um proeminente fascista, encontra uma mulher mais velha de uma família burguesa de tendências antifascistas. São duas almas à deriva. O jovem, protegido pelo pai, nem sequer fez o serviço militar e vive num meio onde ninguém parece perceber o mundo à volta. A mulher procura um sentido para a existência. Na cena final, em fuga, após um bombardeamento da aviação aliada, parece que irão encontrar um destino comum. Mas, cada um na sua circunstância, seguirá o seu caminho. Porventura, caminho nenhum. Fabulosas interpretações de Eleanora Rossi Drago e Jean-Louis Trintignant.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 17 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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O Exército do Crime (2009) de Robert Guédiguian. Neste tempo da erosão da memória, do apagão da história e de uma fé irracional no absurdo soprada por organizações que operam na rede à escala planetária, este filme deve ser visto e revisto. Transporta-nos até à França de Pétain com as suas repugnantes misérias morais, mas também, e sobretudo, com os assombrosos actos de coragem dos homens e mulheres livres que lutaram pela liberdade. A história é baseada em factos reais. Um grupo de imigrantes de diversas nacionalidades auto-denominado FTP-MOI (Franc-Tireurs Partisans - Main d' Oeuvre Immigré) liderado pelo poeta arménio Missak Manouchian (Simon Abkarian) leva a cabo inúmeros atentados bem sucedidos contra os ocupantes alemães e o seus aliados colaboracionistas. A polícia francesa e a Gestapo chamam-lhe O Exército do Crime. Na foto os seus militantes, depois de torturados, são exibidos publicamente antes de serem fuzilados em 1944, estava a guerra perto do fim. O filme tem um claro ponto de vista e é tanto mais eficaz quanto é certo reflectir também as diferenças políticas no seio da própria Resistência, bem como as diferentes sensibilidades dos protagonistas, fazendo deles personagens poderosas e credíveis. Há um lição para o nosso tempo. A cegueira conveniente tende à cegueira absoluta. Auto-justificativa. Quando se relativiza o mal acaba-se sempre por lhe cair nos braços. Resta um caminho, sejam quais forem as perplexidades. Vejam.

 
 
 
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Todo o conteúdo © Jorge Campos

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Criado por Isabel Campos 

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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