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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 7 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Hoje escolho dois filmes com uma temática comum, a operação antropóide da qual resultou o atentado que vitimou uma criatura infame, Reinhard Heydrich, número dois das SS de Himmler, chefe da Gestapo, delfim de Hitler e arquitecto da Solução Final. os filmes são Anthropoid (2017) de Sean Ellis e O Homem de Coração de Ferro (2016) de Cédric Jimenez. A imagem é deste último. Ambos são estimáveis e ambos suscitaram reacções críticas à direita europeia com o argumento de já todos estarem fartos de recordar as atrocidades do passado. Não deixa de ser sintomático. Sinais dos tempos. A história desta operação é recorrente no cinema (até Fritz Lang a abordou) e na literatura. Aliás, o filme de Jimenez é uma adaptação do prémio Goncourt de 2010 HHhH de Laurent Binet. Dito isto, ambos os filmes evocam o lançamento de paraquedistas da Resistência de Londres sobre o então protectorado da Boémia-Morávia (Checoslováquia) com o intuito de assassinar Heydrich, o carniceiro de Praga. O atentado acabou por ser bem sucedido e desencadeou o fuzilamento de milhares de checos, fazendo literalmente desaparecer do mapa, por exemplo, a aldeia de Lidice.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 7 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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O início das filmagens de Metrópolis (1927) de Fritz Lang em 1924 é contemporâneo da publicação do primeiro volume de Mein Kampf de Adolfo Hitler escrito na prisão. A marcha sobre Roma de Mussolini fora dois anos antes e inspirava os diversos movimentos fascistas europeus. Que tem isto a ver com Metrópolis? Hitler, antes de fundar o partido nazi pertencera ao Partido dos Trabalhadores e Mussolini militara no Partido Socialista antes de ser o idolatrado Duce. Qualquer deles tinha, portanto, preocupações laborais. Na visão futurista de Lang, o operariado vivia e trabalhava nos subterrâneos de Metrópolis, em regime de escravatura, a mando de um patrão todo poderoso habitante da superfície juntamente com a elite organizada à sua volta. Num primeiro momento há uma luta de classes - outro sinal dos tempos. Mas a conclusão, ambígua, aponta para um final feliz onde toda a gente se reconcilia tal como pretendia o estado corporativo, por exemplo, de Mussolini. Acresce que o argumento é da então mulher de Lang, Thea von Harbou, uma nazi assumida. Dito isto, o filme mais caro dos estúdios da UFA na República de Weimar foi um fracasso de bilheteira e conheceu diversas versões em diferentes países. Da versão estreada em 1927 parece não haver vestígio, mas há uma cópia recuperada a partir de película descoberta na Argentina e mostrada pela primeira em 2010 que me parece especialmente recomendável. Para todos os efeitos, Metrópolis é um objecto fascinante.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 7 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Um dia inesquecível (1977) de Ettore Scola leva-nos ao dia em que a capital italiana recebeu Hitler. 6 de Maio de 1938. Nessa altura, Mussolini já deixara de ser o modelo do homem do bigodinho e o homem do bigodinho passara a ser o motivo de admiração e inveja de Mussolini. Se bem se lembram, a rivalidade entre os dois foi ridicularizada por Chaplin no Grande Ditador. Bom, o italiano quis impressionar o austríaco e preparou uma recepção para o espantar. A ele e ao mundo. Vai daí mandou toda a gente para a rua e fez um desfile sem paralelo na Via dei Fiori. Nada disto se vê no filme mas é o pano de fundo do encontro ocasional de duas pessoas, Antonieta (Sophia Loren) e Gabrielle (Marcello Mastroianni). Ela, uma mulher exclusivamente dedicada à vida doméstica, mal tratada e a quem o marido vai fazendo filhos. Ele, um jornalista da rádio, antifascista e homossexual. São os únicos de um bloco de apartamentos de tamanho desmedido que não saíram à rua. Conhecem-se por mero acaso nesse dia, andava Antonieta à procura de um passarinho que lhe fugira da gaiola. Dito isto, é ver o filme. Ficamos a saber como era o quotidiano daquele tempo, o lugar da mulher, o destino dos opositores e homossexuais. Mas sobretudo assistimos a uma obra feita com uma elegância inultrapassável, uma magistral lição de cinema. Um filme inesquecível

 
 
 
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Todo o conteúdo © Jorge Campos

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Criado por Isabel Campos 

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Notas, textos de opinião e de reflexão sobre os media, designadamente o serviço público de televisão, publicados ao longo dos anos. Textos  de crítica da atualidade.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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