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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 14 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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48 (2010) de Susana de Sousa Dias. Há filmes indispensáveis. Este é um deles. Nos últimos dias as questões do racismo e da xenofobia voltaram a abrir noticiários e fazer capas de jornais. O racismo e a xenofobia abandonaram o estado latende e deram lugar aos conteúdos manifestos. Bastou um simples pretexto para o país dos brandos costumes revelar uma outra face sombria até da parte de quem não se esperava. Este filme não toca especificamente nestas matérias, embora também passe por lá. Interpela-nos sobre o fascismo português. Ele existiu. Prendeu, oprimiu, torturou, censurou, aterrorizou, destruiu famílias, fez uma guerra sem futuro, teve forças militarizadas, miúdos enfiados em uniformes, saudações romanas e o indispensável ditador. 48 anos. Quase exclusivamente articulado em torno de fotografias cadastradas da PIDE, o filme serve-se do testemunho dos ex-pressos políticos em off, o que lhe dá uma força avassaladora. Exigente, arrojado, inovador no plano estético e várias vezes premiado 48 deveria fazer parte do plano nacional de cinema.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 11 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Nuit et Brouillard (1955) de Alain Resnais. No dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha se manifestou "extremamente preocupado" pelo bem sucedido branqueamento do nazismo levado a cabo no seu país pela extrema direita; no dia em que se comemora o dia internacional das vítimas do holocausto; em mais um dia em que os sinais de uma doença que se julgava erradicada voltam a manifestar-se de forma subreptícia um pouco por todo o lado num quadro de preocupante relativismo simbólico; neste dia, a minha escolha tinha de recair neste filme. É mais um documentário. Com cerca de 50 minutos, texto de Jean Cayrol, um sobrevivente do campo de concentração de Mauthausen-Gusen e música de Hanns Eisler, Nuit et Brouillard é uma obra-prima do cinema e uma aterradora reflexão não só sobre a memória mas também, e sobretudo, sobre a responsabilidade de cada um sobre o que aconteceu. É de responsabilidade cívica, moral e intelectual que hoje é preciso voltar a falar. Porque quando se perde a batalha dos valores abre-se o campo à barbárie.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 11 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Fantasia Lusitana (2010) de João Canijo. Finalmente um documentário. Português. Porquê? Porque é mais do que tempo de falar do assunto. Nos últimos tempos não tem faltado quem afirme que em portugal nunca houve fascismo. Rui Rio, disse-o. Pulido Valente, também. E depois há toda aquela nata de articulistas do observador especialista em revisionismos e branqueamentos. Bem sei que há muitas maneiras de lidar com o tema e que os historiadores, ao longo do tempo, se têm debatido com diversas hipóteses. Para alguns, à direita, o Portugal de Salazar seria um mero regime autoritário. Fascistas mesmo só na Alemanha e na Itália. Bom, em Portugal é claro que houve fascismo. Aos mais cépticos, caso queiram ter uma ideia das coisas, faria bem verem o Jornal Português de Salazar, recentemente editado pela Cinemateca Portuguesa. Foi com base nessas imagens de arquivo que João Canijo fez o seu filme. Lisboa, durante a guerra, não só foi um lugar de convergência de espiões, mas também a cidade para onde milhares de refugiados se deslocavam na expectativa de aí partirem para os Estados Unidos. Erika Mann, filha de Thomas Mann, Alfred Döblin e Antoine de Saint-Exupéry passaram pela capital portuguesa e deixaram-nos textos dando conta do seu espanto face à bizarra noção de realidade dos portugueses. Os textos estão no filme, o qual, não por acaso, se chama Fantasia Lusitana. Vivamente recomendado.

 
 
 
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Criado por Isabel Campos 

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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