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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 4 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



O Grande Ditador (1940) de Charlie Chaplin. é mais um filme tão óbvio quanto inevitável nesta temática. Imagino que a maioria dos meus amigos o tenha visto ao menos uma vez, provavelmente mais do que uma. Por isso, trago apenas algumas notas. Em 1940 os Estados Unidos ainda não tinham entrado na guerra. Só o fizeram depois do ataque japonês a Pearl Harbour em 7 de dezembro de 1941. A corrente isolacionista tinha enorme peso e manietava o presidente Roosevelt. Grandes patrões americanos como Henry Ford financiavam Hitler e personalidades como Lindbergh eram simpatizantes do nazismo. O aviador ficou mesmo na tribuna do ditador na abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1938. Por outro lado, temerosa de perder o mercado alemão, a indústria cinematográfica americana aceitava pressões da embaixada da Alemanha no sentido de evitar fazer filmes desfavoráveis ao III Reich. Em 1940 Chaplin já era uma figura suspeita aos olhos do FBI. E, na verdade, foram feitos todos os esforços para o impedir de fazer o filme. Fê-lo contra tudo e ganhou a batalha. Aliás, com este filme ganhou a batalha e ajudou a ganhar a guerra.


  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 4 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



Este filme é muito menos conhecido do que os anteriores mas merece ser visto. Trata-se de Mussolini: Último Acto (1974) de Carlo Lizzani. Lizzani fez dezenas de filmes ao longo de uma carreira de 60 anos e colaborou com alguns dos maiores como Rosselini, Pasolini e Godard. É daqueles cineastas absolutamente seguros no controle da narrativa. Mussolini - apesar de ter influenciado enormemente Salazar e de António Ferro sentir um verdadeiro fascínio pela sua figura expresso em diversas entrevistas - é hoje, surpreendentemente ou talvez não, pouco conhecido dos portugueses. Neste filme sobre os seus últimos dias, Lizanni mostra não o ditador arrogante e operático, mas um homem patético, perdido no desespero do seu labirinto, em fuga na companhia da sua amante Claretta Pettaci até ser detido e fuzilado pela resistência. Com Rod Steiger no papel principal e Henry Fonda como o cardeal do Vaticano que lhe facilita a fuga, o filme quase nos leva a sentir simpatia pelo homem afinal cobarde e incapaz de enfrentar a derrota com dignidade. Mas não se trata de complacência, sim de uma abordagem de onde os estereótipos estão ausentes e que, por isso, ganha outra espessura humana e, portanto, maior eficácia de potencial de reflexão.

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 4 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



Roma, Cidade Aberta

Depois de Casablanca escolho outro filme óbvio. Roma, Cidade Aberta (1944) de Roberto Rosselini. Na imagem Don Pietro Pellegrini (Aldo Fabrizi) vai ser executado não pelo pelotão de fuzilamento, o qual deliberadamente falha o alvo, mas por um oficial nazi com um tiro na nuca. Do lado esquerdo da imagem, um padre. Com uma interpretação fabulosa da incomparável Anna Magnani, o filme começou a ser rodado na fase final da ocupação alemã de itália, andava Mussolini em fuga. Roma, Cidade Aberta é uma história da resistência ao fascismo, da aliança de uma parte da igreja com comunistas, socialistas e outros democratas. Mas vai além. Mergulha nas taras do nazismo, na degradação imposta aos seres humanos, corrompendo-os e deitando-os fora como lixo quando deixam de servir. Feito com poucos meios, num registo documental e depurado de ganga retórica o filme é uma das obras fulcrais do neo-realismo. Gloriosamente imperfeito como a condição humana.

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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