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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 11 de nov. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



Trumbo (2015) de Jay Roach. Dalton Trumbo foi um dos grandes argumentistas de Hollywood. Filmes como Férias em Roma, Spartacus ou Exodus têm a sua assinatura. Ou melhor, nem sempre tiveram a sua assinatura, embora fosse ele o autor dos argumentos. Porquê? Porque o seu nome constava da famosa lista negra elaborada pelos anti-comunistas da indústria cinematográfica, entre os quais se destacava John Wayne, um perfeito safado reaccionário. De modo que Trumbo escrevia argumentos para sobreviver, mas outros davam a cara e o nome por ele. O filme é interessante a vários títulos, pese embora a inevitável tendência, muito americana, de deixar no ar, no final, a reconciliação das partes. O famoso processo dos 10 de Hollywood - este de que o filme fala - foi construído na base de métodos fascistas numa altura em que o FBI era controlado pela extrema-direiita e uma parte significativa da população acreditava em tudo quanto pudesse alimentar a sua paranoia anti-comunista. É curioso que, nos tempos que correm, os americanos foram os primeiros a recuperar sem tibieza a palavra fascista, enquanto na europa só agora ela começa a ser timidamente assumida apesar de todas as evidências. Madeleine Albright, por exemplo, no seu mais recente livro, classifica a caça às bruxas como uma acção fascista. O filme utiliza com critério imagens de arquivo, é rigoroso nas reconstituições, eficaz nas articulações dramáticas e tem grandes interpretações. Vale muito a pena.

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 8 de nov. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023




No (2012) de Pablo Larraín. Em 1988, face à crescente pressão internacional, Pinochet tentou um plebiscito para se perpetuar no poder. 15 anos depois, portanto, do golpe militar que derrubara Allende instaurando uma ditadura sangrenta no Chile. É desse tempo que fala o filme de Larraín, um cineasta incómodo posto que nos seus filmes há sempre um olhar de algum modo oblíquo, uma rejeição do mundo a preto e branco. Sendo obviamente contrário à ditadura, explora aqui o sentido de uma campanha pelo Não feita em termos publicitários, segundo critérios consumistas. O Não, apesar das ameaças e da manipulação, acaba por sair vencedor e, dois anos mais tarde, abria-se uma nova página democrática no país. Só que a ideia vendida, a ideia vencedora, não foi apenas a democracia, ou melhor, foi a democracia embrulhada no celofane neoliberal. De tal modo que os Estados Unidos acabaram por apoiar financeiramente a campanha do Não para se verem livres da impopularidade do aliado Pinochet. E, claro, sem esse precioso apoio, Pinochet teve de aceitar o resultado do plebiscito. Gael García Bernal tem uma interpretação fabulosa no papel de guru da publicidade. É ele, aliás, o primeiro a perceber que alguma coisa mudara para que tudo ficasse, no essencial, na mesma. Acreditem, vale muito a pena ver este filme.

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 30 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023



Missing (1982) de Costa-Gravas. Agora, que há quem na América Latina queira voltar aos velhos tempos, vale a pena rever alguns filmes. Este é um deles. Embora o Chile nunca seja nomeado, é evidente que se trata do golpe de Pinochet de 1973. Para os mais esquecidos, o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende foi orquestrado pela CIA e pelo então secretário de estado Henry Kissinger, a quem, posteriormente, foi atribuído o Nobel da Paz. Foi mesmo, é verdade. A história é baseada em factos reais. Ed Horman, um pai americano, conservador, homem de negócios e sem qualquer dúvida sobre a bondade da política externa do seu país, vai procurar o filho, na companhia da nora, a um país onde os militares tinham acabado de derrubar o presidente eleito. Anda por estádios onde estão prisioneiros milhares de cidadãos, assiste a prisões indiscriminadas e, a dada altura, perdido num labirinto, a dúvida instala-se. A sua embaixada diz-se empenhada em descobrir o paradeiro do jovem, mas as evasivas multiplicam-se. A dúvida instala-se. As suas fortes convicções são abaladas. Trata-se, na verdade, de um filme sobre o peso crescente da dúvida num mundo até então elaborado sem fissuras. É muito actual e tem uma interpretação fabulosa de Jack Lemmon.

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Notas, textos de opinião e de reflexão sobre os media, designadamente o serviço público de televisão, publicados ao longo dos anos. Textos  de crítica da atualidade.

Notas pessoais sobre acontecimentos históricos. Memória. Presente. Futuro.

Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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