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   viagem pelas imagens e palavras do      quotidiano

NDR

  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 17 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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O Exército do Crime (2009) de Robert Guédiguian. Neste tempo da erosão da memória, do apagão da história e de uma fé irracional no absurdo soprada por organizações que operam na rede à escala planetária, este filme deve ser visto e revisto. Transporta-nos até à França de Pétain com as suas repugnantes misérias morais, mas também, e sobretudo, com os assombrosos actos de coragem dos homens e mulheres livres que lutaram pela liberdade. A história é baseada em factos reais. Um grupo de imigrantes de diversas nacionalidades auto-denominado FTP-MOI (Franc-Tireurs Partisans - Main d' Oeuvre Immigré) liderado pelo poeta arménio Missak Manouchian (Simon Abkarian) leva a cabo inúmeros atentados bem sucedidos contra os ocupantes alemães e o seus aliados colaboracionistas. A polícia francesa e a Gestapo chamam-lhe O Exército do Crime. Na foto os seus militantes, depois de torturados, são exibidos publicamente antes de serem fuzilados em 1944, estava a guerra perto do fim. O filme tem um claro ponto de vista e é tanto mais eficaz quanto é certo reflectir também as diferenças políticas no seio da própria Resistência, bem como as diferentes sensibilidades dos protagonistas, fazendo deles personagens poderosas e credíveis. Há um lição para o nosso tempo. A cegueira conveniente tende à cegueira absoluta. Auto-justificativa. Quando se relativiza o mal acaba-se sempre por lhe cair nos braços. Resta um caminho, sejam quais forem as perplexidades. Vejam.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 7 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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Hoje escolho dois filmes com uma temática comum, a operação antropóide da qual resultou o atentado que vitimou uma criatura infame, Reinhard Heydrich, número dois das SS de Himmler, chefe da Gestapo, delfim de Hitler e arquitecto da Solução Final. os filmes são Anthropoid (2017) de Sean Ellis e O Homem de Coração de Ferro (2016) de Cédric Jimenez. A imagem é deste último. Ambos são estimáveis e ambos suscitaram reacções críticas à direita europeia com o argumento de já todos estarem fartos de recordar as atrocidades do passado. Não deixa de ser sintomático. Sinais dos tempos. A história desta operação é recorrente no cinema (até Fritz Lang a abordou) e na literatura. Aliás, o filme de Jimenez é uma adaptação do prémio Goncourt de 2010 HHhH de Laurent Binet. Dito isto, ambos os filmes evocam o lançamento de paraquedistas da Resistência de Londres sobre o então protectorado da Boémia-Morávia (Checoslováquia) com o intuito de assassinar Heydrich, o carniceiro de Praga. O atentado acabou por ser bem sucedido e desencadeou o fuzilamento de milhares de checos, fazendo literalmente desaparecer do mapa, por exemplo, a aldeia de Lidice.

 
 
 
  • Foto do escritor: Jorge Campos
    Jorge Campos
  • 7 de out. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2023


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O início das filmagens de Metrópolis (1927) de Fritz Lang em 1924 é contemporâneo da publicação do primeiro volume de Mein Kampf de Adolfo Hitler escrito na prisão. A marcha sobre Roma de Mussolini fora dois anos antes e inspirava os diversos movimentos fascistas europeus. Que tem isto a ver com Metrópolis? Hitler, antes de fundar o partido nazi pertencera ao Partido dos Trabalhadores e Mussolini militara no Partido Socialista antes de ser o idolatrado Duce. Qualquer deles tinha, portanto, preocupações laborais. Na visão futurista de Lang, o operariado vivia e trabalhava nos subterrâneos de Metrópolis, em regime de escravatura, a mando de um patrão todo poderoso habitante da superfície juntamente com a elite organizada à sua volta. Num primeiro momento há uma luta de classes - outro sinal dos tempos. Mas a conclusão, ambígua, aponta para um final feliz onde toda a gente se reconcilia tal como pretendia o estado corporativo, por exemplo, de Mussolini. Acresce que o argumento é da então mulher de Lang, Thea von Harbou, uma nazi assumida. Dito isto, o filme mais caro dos estúdios da UFA na República de Weimar foi um fracasso de bilheteira e conheceu diversas versões em diferentes países. Da versão estreada em 1927 parece não haver vestígio, mas há uma cópia recuperada a partir de película descoberta na Argentina e mostrada pela primeira em 2010 que me parece especialmente recomendável. Para todos os efeitos, Metrópolis é um objecto fascinante.

 
 
 
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Criado por Isabel Campos 

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Ensaios, conferências, comunicações académicas, notas e artigos de opinião sobre Cultura. Sem preocupações cronológicas. Textos recentes  quando se justificar.

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Textos avulsos de teor literário nunca publicados. Recuperados de arquivos há muito esquecidos. Nunca houve intenção de os dar à estampa e, o mais das vezes, são o reflexo de estados de espírito, cumplicidades ou desafios que por diversas vias me foram feitos.

Imagens do Real Imaginado (IRI) do Instituto Politécnico do Porto foi o ponto de partida para o primeiro Mestrado em Fotografia e Cinema Documental criado em Portugal. Teve início em 2006. A temática foi O Mundo. Inspirado no exemplo da Odisseia nas Imagens do Porto 2001-Capital Europeia da Cultura estabeleceu numerosas parcerias, designadamente com os departamentos culturais das embaixadas francesa e alemã, festivais e diversas universidades estrangeiras. Fiz o IRI durante 10 anos contando sempre com a colaboração de excelentes colegas. Neste segmento da Programação cabe outro tipo de iniciativas, referências aos meus filmes, conferências e outras participações. Sem preocupações cronológicas. A Odisseia na Imagens, pela sua dimensão, tem uma caixa autónoma.

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